Liberation / Освобождение (1971) - Yuri Ozerov / Julius Kun
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Re: Liberation (1971) - Melhor filme de guerra?
samwise, o Dr. Strangelove é mítico, já cá faltava esse ao barulho
O actor é tão bom que a 1ª vez q o vi não percebi q ele tava a desempenhar 6 papeis diferentes e a dialogar com ele proprio
O actor é tão bom que a 1ª vez q o vi não percebi q ele tava a desempenhar 6 papeis diferentes e a dialogar com ele proprio
Re: Liberation (1971) - Melhor filme de guerra?
Corrigido. TY!Samwise wrote:Platton? (Patton + Platoon?)
Não foram 3?JoséMiguel wrote:samwise, o Dr. Strangelove é mítico, já cá faltava esse ao barulho
O actor é tão bom que a 1ª vez q o vi não percebi q ele tava a desempenhar 6 papeis diferentes e a dialogar com ele proprio
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Re: Liberation (1971) - Melhor filme de guerra?
O paths of glory vi há pouco tempo e e realmente qualquer coisa de maravilhoso, então a cena final e mesmo comovente.
Mas WWI, e aquele que para mim e o melhor filme de guerra de sempre, e o Wooden Crosses do Raymond Bernard. Extremamente realista para a época (e mesmo hoje) e um dos mIs extraordinários finais que já vi, devastador e poético simultaneamente. VEJAM!
Mas WWI, e aquele que para mim e o melhor filme de guerra de sempre, e o Wooden Crosses do Raymond Bernard. Extremamente realista para a época (e mesmo hoje) e um dos mIs extraordinários finais que já vi, devastador e poético simultaneamente. VEJAM!
CC - 174 MoC - 73 BFI - 21
Re: Liberation (1971) - Melhor filme de guerra?
Os soldados reunidos na taberna a ouviram a rapariga alemã a cantar. Muito bom!paupau wrote:O paths of glory vi há pouco tempo e e realmente qualquer coisa de maravilhoso, então a cena final e mesmo comovente.
O filme tem um argumento fabuloso, e a realização do Kubrick não só lhe aproveita as forças todas, como lhe dá asas para voos ainda mais altos.
Este não vi, mas já me estou a roer de curiosidade.Mas WWI, e aquele que para mim e o melhor filme de guerra de sempre, e o Wooden Crosses do Raymond Bernard. Extremamente realista para a época (e mesmo hoje) e um dos mIs extraordinários finais que já vi, devastador e poético simultaneamente. VEJAM!
«The most interesting characters are the ones who lie to themselves.» - Paul Schrader, acerca de Travis Bickle.
«One is starved for Technicolor up there.» - Conductor 71 in A Matter of Life and Death
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Re: Liberation (1971) - Melhor filme de guerra?
E uma edição Eclipse da Criterion, mas deve haver nos Back channels de certeza. Começa alegremente, com os soldados a beber alegremente e a marchar para a frente com cantorias sobre ameixas e seios e coisas do género, e depois e uma espiral por ali abaixo, ate um final verdadeiramente milagroso, com a futilidade e o custo humano da Guerra literalmente a desfilar a nossa frente.
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Re: Liberation (1971) - Melhor filme de guerra?
Ainda acerca disto (e não só)...paupau wrote:O paths of glory vi há pouco tempo e e realmente qualquer coisa de maravilhoso, então a cena final e mesmo comovente.
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Re: Liberation (1971) - Melhor filme de guerra?
O melhor filme de guerra, e estou a falar de todas as guerras, feito até agora é sem duvida o Apocalypse Now, quem duvidar disso, ou vai em modas do Spielberg (do O Resgate do Soldado Ryan) ou noutros produtos de marketing.
O Apocalypse Now está simplesmente cinco estrelas!!
O Apocalypse Now está simplesmente cinco estrelas!!
Re: Liberation (1971) - Melhor filme de guerra?
E o documentário sobre o Apocalypse Now, o Hearts of Darkness, filmado pela mulher, à medida que o Coppola ia "desenrascando" o filme, viste?
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Re: Liberation (1971) - Melhor filme de guerra?
:( , mas vou tratar disso, gravei o Apocalypse Now - Redux (com o filho, o original foi com o pai, julgo eu (Sheen)), são três horas e tal deliciosas, apesar de a versão Redux ser muito inferior à original, a imagem está fenomenal, o meu LED está no máximo nesse filme, eu sei que o mostrador é ficticio, duhhhh...Samwise wrote:E o documentário sobre o Apocalypse Now, o Hearts of Darkness, filmado pela mulher, à medida que o Coppola ia "desenrascando" o filme, viste?
São cenas atrás de cenas de muita emoção, todas bem feitas, ao pormenor.
O Resgate do Soldado Bryan é brilhante mas comercial, o Apocalypse Now só vê quem ama cinema mesmo!!
Lembro-me quando o Rambo passou a primeira vez na TV em Portugal, toda a minha familia (jovens) se reuniu em minha casa para ver o filme... eu adormeci... lololol
Esse documentário a haver deve ser show, só queria saber quantos meses levou o Coppola a rodar o filme... Só os helicopteros.. no ano em que foi feito.. é tudo arrepiante...
No Rambo, que há de especial, uma mota, um ou dois tiros... e os musculos do Stallone... lololol (vcs sabem onde eu quero chegar!)
Re: Liberation (1971) - Melhor filme de guerra?
Arrepiante? Vê o documentário e depois vem cá dizer o que é que é arrepiante. É que não estás mesmo a ver a coisa...inverso wrote:Esse documentário a haver deve ser show, só queria saber quantos meses levou o Coppola a rodar o filme... Só os helicopteros.. no ano em que foi feito.. é tudo arrepiante...
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Re: Liberation (1971) - Melhor filme de guerra?
existe mesmo, até os filhos entram.. obrigadão, nunca pensei ser verdade, ele ia destruindo a vida dele, vou já ver isso
abraço
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Re: Liberation (1971) - Melhor filme de guerra?
Boas,
O que irei dizer não é relacionado directamente com o filme discutido no tópico, mas é relacionado em parte.
É um post sobre a contribuição do exército vermelho nas artes, como já foi referido aqui, novidade para mim e para muitos, tanto estes filmes Liberation, mas ainda mais fortemente os filmes Guerra e Paz, contaram com a participação dos soldados do exército vermelho, muito mais que figurantes baratos e parvos, estes gajos tiveram anos a treinar as cenas com dezenas de milhares de homens em acção, com disciplina militar.
É novidade para mim, como ocidental, pq seria impensável imaginar o exercito americano ao serviço total das producoes de holywood.
Em plena guerra fria nós tínhamos medo do exército vermelho, eu sou lisboeta, e hoje sei que desde que nasci, até completar 12 anos de idade, haviam cerca de dúzia e meia de ICBM's soviéticos apontados a Lisboa, com um raio de morte de 150 km cada um (não são aqueles misseis fatelas de hollywood q so matam uma cidade, são os misseis verdadeiros do final dos anos 60, inicio anos 70)
Li um artigo desclassificado no final dos anos 90, noticia de 1ª pagina da edicao americana da CNN online, em que citava na íntegra um documento escrito pelo governo sovietico a ameaçar Salazar, em que descrevia as capacidades tecnicas dos misseis ( já me pediram pra encontrar o artigo na net e já nao encontro, só escrevendo à CNN, para quem quiser), não foi noticiado em Portugal.
Basicamente, a definição de "raio de morte" (fazia parte da matéria na faculdade, eu era de física ) é o alcance da dose letal de raios gama para o ser humano (excepto pessoal escondido em bunkers, não havia em Portugal), portanto, 150 km em redor de Lisboa (Leiria, Évora, Beja), taxa de sobrevivência zero (os Lisboetas morriam logo, os de Leiria e alentejanos brilhavam no escuro 5 semanas a morrer em agonia, os algarvios e portuenses tomavam conta disto tudo )
Ou seja, e pára aqui a parte negativa , a URSS, era o inimigo de facto.
A guerra fria acabou há 20 anos, graças a deus que o temido Exército Vermelho, ajudou a 7ª Arte a filmar cenas de batalha no Liberation e Guerra e Paz, e mais recentemente, a entrada no festival de Eurovisão de 2009:
Pois é... o Red Army Choir, tem grande prestígio mundial, equivale a uma Royal Orchestra Inglesa, não é como a banda filarmónica da GNR (sem ofensa).
Quando vejo aqueles soldados e músicos, cantar no coro, 20 anos após o colapso da guerra fria, e denoto alguns já velhinhos, que quicá, terão participado nas filmagens do Liberation nos anos 70, vejo a já não temida farda sovietica "do inimigo", com os chapeuzinhos grandes característicos, e dou graças a deus por não ter havido 3ª Guerra Mundial, e por vê-los a cantar na Eurovisão
Espero que tenham gostado do meu desabafo, porque não passou disso... um desabafo
O que irei dizer não é relacionado directamente com o filme discutido no tópico, mas é relacionado em parte.
É um post sobre a contribuição do exército vermelho nas artes, como já foi referido aqui, novidade para mim e para muitos, tanto estes filmes Liberation, mas ainda mais fortemente os filmes Guerra e Paz, contaram com a participação dos soldados do exército vermelho, muito mais que figurantes baratos e parvos, estes gajos tiveram anos a treinar as cenas com dezenas de milhares de homens em acção, com disciplina militar.
É novidade para mim, como ocidental, pq seria impensável imaginar o exercito americano ao serviço total das producoes de holywood.
Em plena guerra fria nós tínhamos medo do exército vermelho, eu sou lisboeta, e hoje sei que desde que nasci, até completar 12 anos de idade, haviam cerca de dúzia e meia de ICBM's soviéticos apontados a Lisboa, com um raio de morte de 150 km cada um (não são aqueles misseis fatelas de hollywood q so matam uma cidade, são os misseis verdadeiros do final dos anos 60, inicio anos 70)
Li um artigo desclassificado no final dos anos 90, noticia de 1ª pagina da edicao americana da CNN online, em que citava na íntegra um documento escrito pelo governo sovietico a ameaçar Salazar, em que descrevia as capacidades tecnicas dos misseis ( já me pediram pra encontrar o artigo na net e já nao encontro, só escrevendo à CNN, para quem quiser), não foi noticiado em Portugal.
Basicamente, a definição de "raio de morte" (fazia parte da matéria na faculdade, eu era de física ) é o alcance da dose letal de raios gama para o ser humano (excepto pessoal escondido em bunkers, não havia em Portugal), portanto, 150 km em redor de Lisboa (Leiria, Évora, Beja), taxa de sobrevivência zero (os Lisboetas morriam logo, os de Leiria e alentejanos brilhavam no escuro 5 semanas a morrer em agonia, os algarvios e portuenses tomavam conta disto tudo )
Ou seja, e pára aqui a parte negativa , a URSS, era o inimigo de facto.
A guerra fria acabou há 20 anos, graças a deus que o temido Exército Vermelho, ajudou a 7ª Arte a filmar cenas de batalha no Liberation e Guerra e Paz, e mais recentemente, a entrada no festival de Eurovisão de 2009:
Pois é... o Red Army Choir, tem grande prestígio mundial, equivale a uma Royal Orchestra Inglesa, não é como a banda filarmónica da GNR (sem ofensa).
Quando vejo aqueles soldados e músicos, cantar no coro, 20 anos após o colapso da guerra fria, e denoto alguns já velhinhos, que quicá, terão participado nas filmagens do Liberation nos anos 70, vejo a já não temida farda sovietica "do inimigo", com os chapeuzinhos grandes característicos, e dou graças a deus por não ter havido 3ª Guerra Mundial, e por vê-los a cantar na Eurovisão
Espero que tenham gostado do meu desabafo, porque não passou disso... um desabafo
Re: Liberation (1971) - Melhor filme de guerra?
Já vi!!! G E N I A L!Samwise wrote:Arrepiante? Vê o documentário e depois vem cá dizer o que é que é arrepiante. É que não estás mesmo a ver a coisa...inverso wrote:Esse documentário a haver deve ser show, só queria saber quantos meses levou o Coppola a rodar o filme... Só os helicopteros.. no ano em que foi feito.. é tudo arrepiante...
Brilhante
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Re: Liberation (1971) - Melhor filme de guerra?
Já se passou mais de um ano, em que abri este tópico, e deste então revi os 5 filmes Liberation e conheci muitos outros filmes da indústria soviética. Hoje criei um tópico aqui no fórum, acerca do cinema soviético, e por isso farei uma segunda review mais extensa a este filme, em que usarei várias imagens, que são as mais espectaculares que eu já vi, mas que pelo seu tamanho e quantidade, colocarei em spoiler. Sei que alguns membros do fórum, no ano passado, começaram a ver o primeiro filme e ficaram desmotivados, este é um filme pesado, de longa duração, mas gostava que espreitassem as imagens do 2ª spoiler, talvez fiquem mais motivados, não sei... Tirei imagens de tanques a esmagarem camionetas a alta velocidade, camionetas-artilharia lança-rockets, travessia do Rio Dnieper barcos e explosões reais, Goebbels a pedir para lhe darem um tiro na cabeça pelas costas, balas verdadeiras a serem disparadas de dentro de um tanque, em primeira pessoa, civis berlinenses a afogarem-se no metro, quando Hitler o manda inundar... Se continuam a preferir os desenhos animados feitos a computador por Hollywood, não sei mais o que fazer... Estes filmes não usam truques de Hollywood...é tudo real.
- Parte II -
Estou a escrever este seguimento à minha crítica, porque gostaria de tentar explicar porque o considero o melhor filme de guerra:
1) Reconstituição histórica.
O realizador Yuri Ozerov solicitou o próprio Marechal Gueorgui Jukov, Comandante-em-chefe das forças armadas soviéticas, durante a 2º Guerra Mundial, para a função de conselheiro militar chefe. O governo proibiu essa escolha, por motivos políticos, e a função foi assumida por Sergei Shtemenko, chefe do estado maior das forças do Pacto de Varsóvia. No entanto Sergei Shtemenko, consultou Jukov às escondidas, e este inclusivé forneceu-lhe o rascunho das suas memórias, que ele estava a escrever.
Para assuntos das forças armadas soviéticas, foram ainda utilizados os consultores Coronel-General Alexander Rodimtsev, Coronel-General do corpo de blindados Grigory Oriol, Tenente-General da aviação Sergei Siniakov e o Vice-Admiral Vladimir Alexeyev.
Do lado polaco foi utilizado o Coronel Zbigniew Załuski e para o lado alemão o ex-major Job von Witzleben.
Peço desculpa se me enganei na tradução das patentes militares e agradeço correcção. A fonte original é wikipédia em inglês e PT-BR.
2) Meios de produção.
Para a reconstituição da batalha de Kursk, o director artístico Alexander Myaghkov teve luz verde para utilizar explosivos e munições verdadeiras. Foram escavados 30 kilómetros de trincheiras e fortificações, utilizados 100 tanques genuínos, 18 aviões, 3.000 soldados e 2.000 peças de artilharia.
Foi construída uma torre de onde o realizador Ozerov supervisionava a batalha, e utilizava um lenço para dar ordem ao exército para rebentamento de explosivos. Um dia ele tava distraído e assoou o nariz com esse lenço, e rebentaram 1500 toneladas de TNT por engano
3) Envolvimento militar.
Os figurantes do filme, são soldados autênticos do exército vermelho, cedidos pelo governo, assim como os veículos, armamento e sua operação.
4) Duração.
A duração do filme é longa, e por isso repartido em 5 partes, mas aqui o objectivo não é ganhar dinheiro a vender pipocas e refrigerantes no cinema, claramente o filme tem de ter pelo menos esta duração, para retratar os assuntos que foca.
5) Ângulo de abordagem da estratégia militar à grande escala.
Este filme mostra as grandes decisões militares, a serem discutidas e tomadas, de vários países envolvidos, com os generais e os chefes de estado. Por isso a importância do consultores, que referi anteriormente no ponto 1.
6) Cerco a Berlim e captura da cidade (Filmes IV e V).
É o único filme que vi, que mostra realmente o fim da guerra na europa. Há uns anos quando vi o trailer do filme A Queda, julguei que ia ver a queda de Berlim, afinal o filme era apenas sobre a personalidade de Hitler e não sobre a batalha que estava a acontecer em redor.
7) Maturidade na abordagem da guerra.
Enquanto no ocidente os filmes de guerra eram uma coboiada, que glorificavam a guerra e o soldado bom da fita era o herói, neste filme não há heróis, apenas vítimas. No Liberation não se glorifica a guerra, o que se faz é mostrar a tragédia sangrenta, alías acaba com a listagem de mortos de várias nacionalidades europeias.
Julgo que só na década de 1990 é que o cinema do ocidente começou a retratar a guerra de forma mais séria. Nesta perspectiva este filme de 1970 estava um pouco à frente do seu tempo.
- Parte III -
Para finalizar, sou da opinião de que este filme é um bom exemplo (O Guerra e Paz é ainda superior), de como o cinema da União Soviética, há 4 décadas atrás, ultrapassou tudo o que foi feito até hoje, em todo o mundo, a nível de super-produções e espectáculo visual. Isto foi possível, porque um governo de ditadura, colocou recursos, incluindo o exército, à disposição da equipa do filme, e o objectivo não era obter lucros, mas sim fazer um bom filme. Hoje em dia, um estúdio privado, num país democrático, não tem dinheiro nem meios para repetir a dimensão deste filme. No fundo isto é equivalente ao Salazar ter mandado fazer um filme acerca dos descobrimentos portugueses, e para isso ter financiado o filme, mandado construir réplicas à escala, das caravelas e náus, e ter posto a marinha portuguesa à disposição do estúdio. Não aconteceu... mas os russos fizeram isso em dois temas que são orgulho para eles, as derrotas militares de Napoleão e de Hitler. A União Soviética já não existe e agora o estúdio que fez esses filmes é privado, por isso não voltaremos a ver este nível de recursos aplicado a um filme durante as nossas vidas, quem sabe se os nossos bisnetos viverão numa era de paz e prosperidade tecnológica mundial, em que o dinheiro já não existe (ficção científica), e se possam voltar a fazer filmes épicos sem ganância de ganhar/poupar dinheiro, apenas com o objectivo de fazer bom cinema histórico. Até lá ficam aqui algumas imagens com 40 anos, que envergonham Hollywood:
- Parte IV -
Tirei alguns snapshots de entre os 5 filmes, que considero bastante interessantes e que incluem o Ministro de Propaganda Goebbels e a Frau Goebbels, a pedirem ao soldado para lhes dar um tiro na nuca, dentro do bunker do Reichstad, a travessia do rio Dniepper, uma espécie de Dia D, filmada em grande escala, e também imagens das 3 classes de artilharia sovietica, e também os civis berlinenses a afogarem-se na estação de metro, porque Hitler mandou indundar o metropolitano, para cortar o acesso subterrâneo ao bunker.
- Parte II -
Estou a escrever este seguimento à minha crítica, porque gostaria de tentar explicar porque o considero o melhor filme de guerra:
1) Reconstituição histórica.
O realizador Yuri Ozerov solicitou o próprio Marechal Gueorgui Jukov, Comandante-em-chefe das forças armadas soviéticas, durante a 2º Guerra Mundial, para a função de conselheiro militar chefe. O governo proibiu essa escolha, por motivos políticos, e a função foi assumida por Sergei Shtemenko, chefe do estado maior das forças do Pacto de Varsóvia. No entanto Sergei Shtemenko, consultou Jukov às escondidas, e este inclusivé forneceu-lhe o rascunho das suas memórias, que ele estava a escrever.
Para assuntos das forças armadas soviéticas, foram ainda utilizados os consultores Coronel-General Alexander Rodimtsev, Coronel-General do corpo de blindados Grigory Oriol, Tenente-General da aviação Sergei Siniakov e o Vice-Admiral Vladimir Alexeyev.
Do lado polaco foi utilizado o Coronel Zbigniew Załuski e para o lado alemão o ex-major Job von Witzleben.
Peço desculpa se me enganei na tradução das patentes militares e agradeço correcção. A fonte original é wikipédia em inglês e PT-BR.
2) Meios de produção.
Para a reconstituição da batalha de Kursk, o director artístico Alexander Myaghkov teve luz verde para utilizar explosivos e munições verdadeiras. Foram escavados 30 kilómetros de trincheiras e fortificações, utilizados 100 tanques genuínos, 18 aviões, 3.000 soldados e 2.000 peças de artilharia.
Foi construída uma torre de onde o realizador Ozerov supervisionava a batalha, e utilizava um lenço para dar ordem ao exército para rebentamento de explosivos. Um dia ele tava distraído e assoou o nariz com esse lenço, e rebentaram 1500 toneladas de TNT por engano
3) Envolvimento militar.
Os figurantes do filme, são soldados autênticos do exército vermelho, cedidos pelo governo, assim como os veículos, armamento e sua operação.
4) Duração.
A duração do filme é longa, e por isso repartido em 5 partes, mas aqui o objectivo não é ganhar dinheiro a vender pipocas e refrigerantes no cinema, claramente o filme tem de ter pelo menos esta duração, para retratar os assuntos que foca.
5) Ângulo de abordagem da estratégia militar à grande escala.
Este filme mostra as grandes decisões militares, a serem discutidas e tomadas, de vários países envolvidos, com os generais e os chefes de estado. Por isso a importância do consultores, que referi anteriormente no ponto 1.
6) Cerco a Berlim e captura da cidade (Filmes IV e V).
É o único filme que vi, que mostra realmente o fim da guerra na europa. Há uns anos quando vi o trailer do filme A Queda, julguei que ia ver a queda de Berlim, afinal o filme era apenas sobre a personalidade de Hitler e não sobre a batalha que estava a acontecer em redor.
7) Maturidade na abordagem da guerra.
Enquanto no ocidente os filmes de guerra eram uma coboiada, que glorificavam a guerra e o soldado bom da fita era o herói, neste filme não há heróis, apenas vítimas. No Liberation não se glorifica a guerra, o que se faz é mostrar a tragédia sangrenta, alías acaba com a listagem de mortos de várias nacionalidades europeias.
Julgo que só na década de 1990 é que o cinema do ocidente começou a retratar a guerra de forma mais séria. Nesta perspectiva este filme de 1970 estava um pouco à frente do seu tempo.
- Parte III -
Para finalizar, sou da opinião de que este filme é um bom exemplo (O Guerra e Paz é ainda superior), de como o cinema da União Soviética, há 4 décadas atrás, ultrapassou tudo o que foi feito até hoje, em todo o mundo, a nível de super-produções e espectáculo visual. Isto foi possível, porque um governo de ditadura, colocou recursos, incluindo o exército, à disposição da equipa do filme, e o objectivo não era obter lucros, mas sim fazer um bom filme. Hoje em dia, um estúdio privado, num país democrático, não tem dinheiro nem meios para repetir a dimensão deste filme. No fundo isto é equivalente ao Salazar ter mandado fazer um filme acerca dos descobrimentos portugueses, e para isso ter financiado o filme, mandado construir réplicas à escala, das caravelas e náus, e ter posto a marinha portuguesa à disposição do estúdio. Não aconteceu... mas os russos fizeram isso em dois temas que são orgulho para eles, as derrotas militares de Napoleão e de Hitler. A União Soviética já não existe e agora o estúdio que fez esses filmes é privado, por isso não voltaremos a ver este nível de recursos aplicado a um filme durante as nossas vidas, quem sabe se os nossos bisnetos viverão numa era de paz e prosperidade tecnológica mundial, em que o dinheiro já não existe (ficção científica), e se possam voltar a fazer filmes épicos sem ganância de ganhar/poupar dinheiro, apenas com o objectivo de fazer bom cinema histórico. Até lá ficam aqui algumas imagens com 40 anos, que envergonham Hollywood:
Tirei alguns snapshots de entre os 5 filmes, que considero bastante interessantes e que incluem o Ministro de Propaganda Goebbels e a Frau Goebbels, a pedirem ao soldado para lhes dar um tiro na nuca, dentro do bunker do Reichstad, a travessia do rio Dniepper, uma espécie de Dia D, filmada em grande escala, e também imagens das 3 classes de artilharia sovietica, e também os civis berlinenses a afogarem-se na estação de metro, porque Hitler mandou indundar o metropolitano, para cortar o acesso subterrâneo ao bunker.
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Re: Liberation / Освобождение (1971) - Yuri Ozerov / Julius
3 excertos com as tais balas verdadeiras, etc.
http://youtu.be/A5fKBlq7BUo
http://youtu.be/vrpueJDiDVs
http://youtu.be/jCfUvAlJi2s
http://youtu.be/A5fKBlq7BUo
http://youtu.be/vrpueJDiDVs
http://youtu.be/jCfUvAlJi2s