Liberation / Освобождение (1971) - Yuri Ozerov / Julius Kun

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JoséMiguel
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Re: Liberation / Освобождение (1971) - Yuri Ozerov / Julius Kun

Post by JoséMiguel »

Fiz uma montagem musical do filme 5 (a captura de Berlim)...

Destaques:

1) Buggy (jipe) alemão a transportar o representante do governo nazi, após o suicídio do Hitler, para negociações de cessar-fogo com o exército vermelho. :badgrin:

2) A mítica encenação, realismo e qualidade de cinema soviético, nunca igualada em nenhuma parte do mundo. salut-) É impossível esta qualidade no cinema norte-americano, devido ao seu amadorismo e falta de profissionalismo e competências. Não misturem cinema de animação pobrezinho (CGI) com cinema a sério como este... alhos e bugalhos... mau-)

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Re: Liberation / Освобождение (1971) - Yuri Ozerov / Julius Kun

Post by JoséMiguel »

A segunda canção que usei no meu trailer da mensagem anterior, é a minha homenagem póstuma, após a morte trágica do famoso coro do Exército Vermelho, num acidente de aviação em Dezembro de 2016, os soldados que fizeram essa música já morreram...
Avião militar russo que transportava o Coro do Exército Vermelho caiu no Mar Negro

Um avião militar russo Tu-154 com 91 pessoas a bordo desapareceu este domingo dos radares pouco depois de descolar do aeroporto de Sochi, zona balnear russa na costa do Mar Negro. Entre os desaparecidos estão 64 membros do famoso Coro do Exército Vermelho da Rússia.

Os destroços do avião militar foram encontrados no Mar Negro, de acordo com agências de notícias locais que citam o Ministério da Defesa.

“Fragmentos do avião Tu-154 do Ministério da Defesa russa foram encontrados a 1,5 quilómetros da costa da cidade de Sochi, no Mar Negro, a uma profundidade entre 50 e 70 metros”, indicou o ministério.

O aparelho partiu às 05:40 (02:40 em Lisboa) de Adler, na zona balnear de Sochi, na costa do Mar Negro, e realizava um voo de rotina quando desapareceu dos radares.

O avião, que transportava 91 pessoas (83 passageiros e 8 membros da tripulação), levava para a Síria os membros do famoso Alexandrov Ensemble, o grupo musical oficial do exército, mais conhecido como “Coro do Exército Vermelho da Rússia“.

O agrupamento musical viajava para participar nas celebrações de Ano Novo na base militar russa de Khmeimim, na costa da cidade síria de Latakia.

“Eu também devia ter seguido com eles para a Síria, mas há poucos dias a minha filha adoeceu e pedi licença médica para ficar com ela”, disse Sergei Jlapnikov, um dos membros do famoso agrupamento musical militar, à agência Interfax.

Segundo Jlapnikov, o avião acidentado transportava apenas os membros do coro e do conjunto de dança, porque a apresentação na Síria não contemplava a participação da orquestra.

O Alexandrov Ensemble, formado durante a era da União Soviética, é um agrupamento musical militar masculino constituído por um grupo de dança, uma orquestra e um coro.

A imortal balada folclórica russa “Kalinka” é uma das mais conhecidas interpretações do icónico coro.

Segundo o ministério da Defesa da Rússia, além dos artistas do Alexandrov Ensemble, viajavam para Síria militares, 9 jornalistas dos principais canais de televisão russos e a médica Elizaveta Glinka, conhecida filantropa russa que acompanhava uma carga humanitária destinada a um hospital sírio.

Segundo a agência Sputnik News, o presidente do Conselho da Federação para a Defesa e Segurança, Viktor Ozerov, afirma que não há qualquer hipótese de a queda do aparelho ter sido provocada por um atentado, e aponta para uma falha técnica ou erro de pilotagem como causas do acidente.

“Eu nem considero a hipótese de atentado. É um avião do Ministério da Defesa, estava no espaço aéreo da Federação da Rússia, tal cenário não é possível”, afirmou Ozerov.

Fonte: https://zap.aeiou.pt/aviao-militar-russ ... gro-142874
Podem ver os falecidos músicos a tocarem ao vivo a versão que eu utilizei, com legendas em português (a canção é sobre uma rapariga camponesa da Moldávia, que faz a vindima em Setembro, e de guerrilheiros (partisans) da resistência à Alemanha Nazi):



O último concerto antes de morrerem:

Samwise
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Re: Liberation / Освобождение (1971) - Yuri Ozerov / Julius Kun

Post by Samwise »

JoséMiguel wrote: May 11th, 2017, 5:14 am 2) A mítica encenação, realismo e qualidade de cinema soviético, nunca igualada em nenhuma parte do mundo. salut-) É impossível esta qualidade no cinema norte-americano, devido ao seu amadorismo e falta de profissionalismo e competências. Não misturem cinema de animação pobrezinho (CGI) com cinema a sério como este... alhos e bugalhos... mau-)
:-)))

José Miguel, vê esta sequência de pequenos trechos sobre o Making of do Saving Private Ryan, e depois vem cá falar do "amadorismo" e "falta de profissionalismo e competências" do cinema norte-americano. orgulho-)

https://www.youtube.com/watch?v=6CfaN7s ... AdiIECGPAY

Outra coisa que já começo a ficar cansado de repetir: a utilização de CGI, se for bem feita, e se estiver devidamente contextualizada, não afecta o propósito e a intenção de realismo de uma obra. Pelo contrário, até a pode aumentar. Mas pronto, são opiniões. Tu defendes a tua, eu defendo a minha. salut-)
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Re: Liberation / Освобождение (1971) - Yuri Ozerov / Julius Kun

Post by JoséMiguel »

Sam, para alguns cinéfilos (pessoas que gostam muito de cinema), não existe distinção entre desenhos animados e "filme live action", acho que é o teu caso. Eu pertenço a um grupo mais purista que não gosta de ver filmes sérios contaminados com desenhos animados.



Eu não estou sozinho, porque me farto de ler comentários no You Tube e não só, de muita gente que pensa como eu.

Este conjunto de 5 filmes "Liberation" terá altos e baixos, e aspectos bons e maus, mas na técnica cinematográfica da reconstituição de batalhas da 2ª Guerra Mundial, conheces algum filme anglo-saxónico feito até 1971 que esteja tão bem feito? Eu não conheço...

Os cineastas norte-americanos também contavam com o apoio do exército, marinha e força aérea, mas isso era dar pérolas a porcos, porque eles não tinham competência técnica e cinematográfica, ou vontade de tirar proveito desses meios. O resultado são filmes com aspecto artificial e com pouco realismo. Eu atribua a culpa dessa falta de experiência ou competência, ao conceito geral do sistema de estúdios de Hollywood, que "habituavam" os espectadores a esse artificialismo, tal como se treina um cãozinho. Quando finalmente tinham os meios necessários para fazer uma super-produção deste tema, faltava-lhes a experiência cinematográfica na corrente do realismo.

Estou a referir-me a filmes do mesmo período, como este:

Image

De que servem os meios de produção a cineastas anglo-saxónicos, se depois eles estragam tudo colocando uma vedeta à frente de um "blue screen", com o método Indiana Jones:
Now let's say that you are a director and you would like to film a scene where the actress is dangling from a rope over a deep river gorge screaming for the hero to come save her. As the director, you have several options:

If the actress is up for it, you can actually have her dangle from the rope. Most actors and actresses are too valuable to risk in that way.

You can use a stunt person to stand in for the actress and shoot the scene with a long shot so people can't tell. In doing this, you will lose the emotional effect of seeing a close-up of the actress's face as she screams.

You can use blue screen photography to make it look like the actress is dangling from the rope. Or, you might use the blue screen for the close-ups and the stunt person for the long shots to get the best of both worlds.

Fonte: http://entertainment.howstuffworks.com/blue-screen2.htm
O primeiro método descrito acima é o realismo soviético, e o 3º método é o artificialismo americano.

Também se encontra muito artificialismo no cinema soviético e vice-versa, mas pelos menos os russos sabiam tirar proveito dos meios. Existem muitos filmes de guerra americanos com tanques verdadeiros, mas os realizadores são uns incapazes que depois não sabem (ou não querem) planear e ensaiar uma boa encenação como a que vemos neste conjunto de filmes "Liberation".

Eu podia ficar um ano a debater isto, mas eu já te conheço o suficiente (Samwise) para saber que não valorizas o realismo como eu e que tens uma enorme tolerância pelo artificialismo. Esta diferença de gostos e opiniões é natural, se eu me dei ao trabalho de criar o tópico do cinema de leste e falo tanto desse tipo de cinema, é porque é isso que eu aprecio. Chamar incompetentes e nabos aos americanos pode não ser muito bonito e não serviria para comentar um filme num jornal ou numa revista, mas é isso que eu acho a nível de tendência geral, mas com lugar a excepções, eu também preciso de desabafar e escrever à balda. saint-)

Um exemplo de um cineasta americano competente é o Stanley Kubrick, ele não tinha muitos meios, mas sabia tirar o máximo proveito dos recursos ao seu dispor. No fundo o que eu tenho estado a descrever é a mesma corrente dos filmes do Stanley Kubrick, o que tem lógica pois ele era grande fã do cinema soviético. :-D
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Re: Liberation / Освобождение (1971) - Yuri Ozerov / Julius Kun

Post by rui sousa »

JoséMiguel wrote: May 11th, 2017, 1:26 pm Sam, para alguns cinéfilos (pessoas que gostam muito de cinema), não existe distinção entre desenhos animados e "filme live action", acho que é o teu caso. Eu pertenço a um grupo mais purista que não gosta de ver filmes sérios contaminados com desenhos animados.
Olha aqui um filme sério 100% contaminado com desenhos animados. :mrgreen: :mrgreen: :mrgreen:

Samwise
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Re: Liberation / Освобождение (1971) - Yuri Ozerov / Julius Kun

Post by Samwise »

José Miguel, como é frequente, cada post teu tem, para o bem e para o mal, um manancial de assuntos e opiniões que tenho imensa vontade de abordar (embora suceda por vezes não ter tempo, ou não estar com a disponibilidade mental para "arregaçar as mangas"), e este último não é excepção. Vamos ver se consigo organizar o pensamento e "fatiá-lo" por tópicos, aos poucos...
JoséMiguel wrote: May 11th, 2017, 1:26 pm Sam, para alguns cinéfilos (pessoas que gostam muito de cinema), não existe distinção entre desenhos animados e "filme live action", acho que é o teu caso. Eu pertenço a um grupo mais purista que não gosta de ver filmes sérios contaminados com desenhos animados.
A expressão "desenhos animados" tem vindo a ser utilizada por ti desde há uns tempos para cá, de uma forma depreciadora, para gozares com os efeitos especiais gerados por computador (vulgo CGI) utilizados hoje em dia por Hollywood (e não só) para simular a realidade em filmes que não são de... "desenhos animados". Como bem sabes, a expressão tem um contexto substancialmente diferente desse, mesmo que por vezes os dois universos de facto se encontrem, como é o caso do exemplo que apresentas (do coelho Roger).

Daquilo que tu não gostas é de ver o facilitismo da industria dos efeitos especiais a substituir o realismo presencial em filmes que não são de desenhos animado, mesmo que com isso os estúdios poupem imenso dinheiro e consigam, com cada vez mais aproximação à realidade, simular cenários que de outra forma seriam muito complicados de filmar e em muitos casos mesmo impossíveis. Para ti isso é enganar e insultar os espectadores. Tudo bem, é uma opinião que respeito, como já te transmiti por diversas vezes.
Eu não estou sozinho, porque me farto de ler comentários no You Tube e não só, de muita gente que pensa como eu.
Como é normal!!!

Há muita gente que pensa como tu e muita gente que pensa como eu. E então? Isso confere por acaso algum sentido ou volume de superioridade moral sobre quem pensa diferente? Queres fazer contas para ver qual é o grupo que tem mais adeptos? De que serviria isso?

Para dar um exemplo, eu não entendo por que razão tens achincalhar o J.J. Abrams ou as pessoas que gostam de ver os filmes dele. Chamá-lo de atrasado mental e dizer que faz filmes para atrasados mentais serve exactamente que propósito?

O que dirias se eu publicasse uma fotografia do Yuri Ozerov com uma inscrição por baixo a dizer: "Vejam bem este grande mentecapto soviético que não entende o conceito de entretenimento, não gosta de pipocas, não sabe construir personagens, e prega grandes secas de realidade encenada aos burros dos espectadores que calhem atravessar-se com um qualquer filme dele!"

De que serviria eu apregoar esta ideia em todas as mensagem que fizesse a enaltecer os bons filmes de entretenimento feitos em Hollywood? Tipo Die Hard e Star Trek reboot, que tu consideras para atrasados mentais.
Este conjunto de 5 filmes "Liberation" terá altos e baixos, e aspectos bons e maus, mas na técnica cinematográfica da reconstituição de batalhas da 2ª Guerra Mundial, conheces algum filme anglo-saxónico feito até 1971 que esteja tão bem feito? Eu não conheço...
Aqui já apresentas uma versão bem diferente daquela que apresentaste mais acima, e passo a citar novamente:
É impossível esta qualidade no cinema norte-americano, devido ao seu amadorismo e falta de profissionalismo e competências. Não misturem cinema de animação pobrezinho (CGI) com cinema a sério como este... alhos e bugalhos...
Então estamos a falar de CGI, ou estamos a falar de filmes feitos até 1971? É que são universos mutuamente exclusivos, certo?

Voltando ao tema CGI, a sua utilização não significa, como é natural, "cinema de animação pobrezinho". Tal como na encenação realista que muito prezas no Liberation, a aplicação de CGI a um filme pode ser mais bem conseguida ou mais "pobrezinha". Tecnicamente falado, isto é. Porque tal utilização, mesmo quando é má, não significa que cinema em que está a ser usado seja mau. E vice-versa... podes ter CGI muito bom (isto é, com capacidade para simular a cenários reais de uma forma imperceptível) e o filme ser de "má qualidade" - estou a lembrar-me de algumas fitas do Rolland Emerich, por exemplo.

O mesmo se aplica em relação ao realizadores e produtores de Hollywood da época, a maioria dos quais não estava realmente interessado no máximo apego ao realismo cénico, dando antes mais importância à história, às personagens e às emoções e dramatismo que deles podia retirar. Os estúdios poupavam dinheiro em aspectos que não eram de primordial importância para os realizadores, e o sistema estava montado dessa forma. Não vejo nada de manifestamente errado com isso. Paralelamente, também não creio que estivesse em jogo nenhum processo de má fé para "enganar o espectador" (tal como sucede com o uso CGI em geral). Aquelas telas que utilizavam com retro-projecção para fingir o movimento de um carro, por exemplo, toda a gente sabia que eram utilizadas. Fazia parte do espectáculo e da cumplicidade entre filme e espectador. Não percebo sequer a razão de criticar essa técnica... :?:

Esta abordagem é melhor ou pior do que a soviética? Haverá uma resposta para isto? Não. Depende do gosto de cada pessoa. Julgo é que não tem nenhum interesse andar a criticar os gostos dos outros por não se ter os mesmos. É fútil e não leva a lado nenhum. Só serve para perder tempo e para eu de vez em quando despejar aqui um testamento opinativo. Nota que eu também podia colocar em todas as minhas mensagens bocas a gozar com o "sério e boçal cinema soviético de recorte realista", mas isso seria idiota de minha parte.
Os cineastas norte-americanos também contavam com o apoio do exército, marinha e força aérea, mas isso era dar pérolas a porcos, porque eles não tinham competência técnica e cinematográfica, ou vontade de tirar proveito desses meios. O resultado são filmes com aspecto artificial e com pouco realismo. Eu atribua a culpa dessa falta de experiência ou competência, ao conceito geral do sistema de estúdios de Hollywood, que "habituavam" os espectadores a esse artificialismo, tal como se treina um cãozinho. Quando finalmente tinham os meios necessários para fazer uma super-produção deste tema, faltava-lhes a experiência cinematográfica na corrente do realismo.

Estou a referir-me a filmes do mesmo período, como este:
De acordo, pelo menos parcialmente, e tendo em conta o que escrevi mais acima. Mas quando o interesse principal dos cineastas não passa, nem de forma remota, por ser o mais fiel possível a questões de realismo cénico, este aspecto não pode ser criticado como se a qualidade do cinema dependesse em exclusivo dela. Que era basicamente o que se passava em Hollywood. Cenário real ou encenado, isso era um aspecto secundário para os realizadores. O grande Hitchcock detestava filmar fora do estúdio pelo trabalho adicional que lhe dava. E este, convenhamos, não podes acusar de ser preguiçoso, incompetente, amador, etc. Trabalho já tinha ele muito a dirigir actores (de forma despótica) e a decidir e a filmar milhentos planos de imagem e movimentos de câmara para que transmitissem exactamente a visão dele.

São abordagens. Não há uma melhor que a outra per se.
De que servem os meios de produção a cineastas anglo-saxónicos, se depois eles estragam tudo colocando uma vedeta à frente de um "blue screen", com o método Indiana Jones:

(...)

O primeiro método descrito acima é o realismo soviético, e o 3º método é o artificialismo americano.
Eles não "estragam tudo colocando uma vedeta à frente de um "blue screen", com o método Indiana Jones", eles optam antes por essa via porque têm prioridades e visões diferentes das tuas. Uma imensa multidão de pessoas por todo o mundo (onde encontrarás muitos idiotas e muitos inteligentes) gosta de ver filmes em que usam o "método Indiana Jones". Mais do que isso, estas pessoas compreendem o artificialismo que está ali a ser usado e aceita isso com naturalidade, como parte do "negócio". Isso faz deles atrasados mentais por alguma razão?
Eu podia ficar um ano a debater isto, mas eu já te conheço o suficiente (Samwise) para saber que não valorizas o realismo como eu e que tens uma enorme tolerância pelo artificialismo. Esta diferença de gostos e opiniões é natural, se eu me dei ao trabalho de criar o tópico do cinema de leste e falo tanto desse tipo de cinema, é porque é isso que eu aprecio. Chamar incompetentes e nabos aos americanos pode não ser muito bonito e não serviria para comentar um filme num jornal ou numa revista, mas é isso que eu acho a nível de tendência geral, mas com lugar a excepções, eu também preciso de desabafar e escrever à balda. saint-)
Eu não tenho uma "enorme tolerância pelo artificialismo". Considero é que traz benefícios óbvios ao cinema, para além da questão dos custos. E um desses benefícios é inclusivamente fazer aparentar mais realismo a certos filmes ou sequências, que se fossem filmadas sem eles poderiam aparentar... amadorismo e fingimento. :-)))

Chamar de incompetentes e nabos aos americanos é o mesmo que dizer que o povo americano é burro e inculto. É uma generalização que não tem aderência à realidade. Há uns que sim, outros que não. Tal como o soviético. Tal como o português.
«The most interesting characters are the ones who lie to themselves.» - Paul Schrader, acerca de Travis Bickle.

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Re: Liberation / Освобождение (1971) - Yuri Ozerov / Julius Kun

Post by JoséMiguel »

Rui Sousa e Samwise, há aí uma série de mal entendidos, porque eu não me devo ter explicado bem, não tenho tempo agora para abordar todos, mas irei esclarecer o mais grave, que é o pessoal pensar que ando a chamar atrasados mentais a pessoas com gostos diferentes dos meus, algo muito grave e falso.

A única instância em que usei esse termo (que eu saiba) foi para o realizador J.J. Abrams, e não foi neste tópico nem a propósito desta conversa, onde eu escrevi que ele faz filmes para atrasados mentais e se orgulha disso.

Agora vou ter de justificar...

Eu sou fã do Star Trek desde criança, vi todos os episódios de todas as séries 3 ou 4 vezes, e todos os filmes umas 8 ou 9 vezes, e depois entra em cena o realizador J.J. Abrams...

Eu não chamei atrasado mental ao realizador, pois não é isso que eu acho dele, orgulhar-se de fazer filmes para atrasados mentais, não faz dele um atraso mental, apenas um palerma e um sujeito de mau carácter e mal intencionado.

A Paramount decidiu a certa altura destruir, infantilizar e estupidificar a franchise do Star Trek, e foi dada a ordem para a criação de filmes do Star Trek para atrasados mentais. Eu gosto de chamar as coisas pelos nomes, e sei que houve uma reunião dos executivos manda-chuvas da Paramount onde foi mesmo decidido criar filmes para atrasados mentais, que expressão foi utilizada na reunião não sei, poderão ter dito algo como "We can make more money, if we start making Star Trek movies for imbecils", ou poderão ter dito "Let's make the senior crew behave like idiot teenagers (putos estúpidos), so our teenage target audience can relate more to the films".

O J.J. Abrams foi o carrasco contratado para assassinar a franchise Star Trek, e quando ele estava a fazer o filme, disse num depoimento que nunca tinha visto o Star Trek e odiava a essa franchise, disse também que era um fan boy do Star Wars e como não gostava do Star Trek pretendia aniquilar a visão (filosófica, ética e inteligente) do Gene Rodenberry transformado o Star Trek numa franchise infantil de acção, modelada aos filmes do Star Wars.

O realizador sabia ser totalmente ignorante da sociedade futurística que o Gene Rodenberry idealizou, e como ele não tinha competências para realizar o filme, socorreu-se do artifício esfarrapado da viagem no tempo, para criar um século XXIII paralelo. Mas esse argumento não funciona, pois a sociedade do futuro não consiste de adolescentes palermas e cowboys a guiar automóveis estilo James Dean, e não é o pai do Kirk ter morrido que muda a sociedade evoluída idealizada pelo Gene Rodenberry e mostrada nas séries (incluindo a série Enterprise que é passada 100 anos antes no século XXII).

Eu não ando a chamar atrasados mentais às pessoas, "filme para atrasados mentais" é um tipo de filme o que não significa que quem goste deles seja atraso mental, por exemplo quando eu tinha uns 18 anos vi duas vezes no cinema o filme "Wayne's World", título em português "Quanto mais idiota melhor", que é um "filme para atrasados mentais".



Já não gosto dele, mas ainda gosto de um parecido (também para atrasados mentais) de que falei no tópico das viagens no tempo (As Aventuras de Bill e Ted).
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Re: Liberation / Освобождение (1971) - Yuri Ozerov / Julius Kun

Post by Samwise »

JoséMiguel wrote: May 12th, 2017, 12:55 pm Rui Sousa e Samwise, há aí uma série de mal entendidos, porque eu não me devo ter explicado bem, não tenho tempo agora para abordar todos, mas irei esclarecer o mais grave, que é o pessoal pensar que ando a chamar atrasados mentais a pessoas com gostos diferentes dos meus, algo muito grave e falso.
A minha percepção é a de que por vezes não andas muito distante disso, seja o termo utilizado "atrasado mental" ou outros do mesmo alcance ("idiota", "imbecil", "estúpido", "palerma"), que usas com recorrência em praticamente todos os tópicos, e para te referires ao Abrams ou aos produtores em geral de Hollywood.

Se não é tua intenção de facto, penso que devias moderar o discurso. Se é tua intenção, então tudo bem, estás no teu direito (dirigir insultos aos outros faz parte da liberdade de expressão), mas é uma abordagem discursiva com a qual eu não me identifico particularmente e não me motiva para responder de forma articulada.
A única instância em que usei esse termo (que eu saiba) foi para o realizador J.J. Abrams, e não foi neste tópico nem a propósito desta conversa, onde eu escrevi que ele faz filmes para atrasados mentais e se orgulha disso.
O que é por sua vez uma coisa falsa, tal como outras afirmações que fazes mais abaixo.
Agora vou ter de justificar...

Eu sou fã do Star Trek desde criança, vi todos os episódios de todas as séries 3 ou 4 vezes, e todos os filmes umas 8 ou 9 vezes, e depois entra em cena o realizador J.J. Abrams...
Tal como tu, há uma infinidade de die-hard fans do Star Trek espalhados por todo o mundo que seguiram as séries originais e repetiram a dose várias vezes. Deste universo, alguns detestaram a versão do Abrams, outros acharam assim-assim, e outros ainda adoraram (olha, está aqui um, só para dar um exemplo https://www.theguardian.com/film/2009/may/08/star-trek). Isto não faz de nenhuma destas pessoas uma legítima representante da opinião de todas. Cada uma terá a sua opinião e as suas motivações para a justificar, e cada uma delas terá razão à sua maneira. Aqui entramos naquele cliché democrático que coloca um mesmo argumento a servir duas opiniões diferentes e contrárias: uns dirão, "ele não foi fiel ao espírito da série e por isso não gosto", outros dirão "ele pegou no conceito original e modificou as premissas injectando sangue novo, e por isso gosto". Ou seja, o filme não bom ou mau por ter saltado fora do conceito original que eventualmente orientou a série original. É bom ou mau se o salto que deu foi parar nas proximidades daquilo que tu, pessoa individual, consideras correcto. No caso, parece não ter sucedido.
Eu não chamei atrasado mental ao realizador, pois não é isso que eu acho dele, orgulhar-se de fazer filmes para atrasados mentais, não faz dele um atraso mental, apenas um palerma e um sujeito de mau carácter e mal intencionado.
Mau carácter e mal intencionado porquê ao certo? Não entendo esta parte, que não é um insulto, mas uma acusação de má fé. Ele fez o filme segundo a sua visão do universo e das personagens (a sua e mais a dos argumentistas). Em que é que isso é má fé?

A partir daqui começam a suposições e as falsidades. A não ser que partilhes provas sobre o que afirmas:
A Paramount decidiu a certa altura destruir, infantilizar e estupidificar a franchise do Star Trek, e foi dada a ordem para a criação de filmes do Star Trek para atrasados mentais. Eu gosto de chamar as coisas pelos nomes, e sei que houve uma reunião dos executivos manda-chuvas da Paramount onde foi mesmo decidido criar filmes para atrasados mentais, que expressão foi utilizada na reunião não sei, poderão ter dito algo como "We can make more money, if we start making Star Trek movies for imbecils", ou poderão ter dito "Let's make the senior crew behave like idiot teenagers (putos estúpidos), so our teenage target audience can relate more to the films".
Fonte?
O J.J. Abrams foi o carrasco contratado para assassinar a franchise Star Trek, e quando ele estava a fazer o filme, disse num depoimento que nunca tinha visto o Star Trek e odiava a essa franchise, disse também que era um fan boy do Star Wars e como não gostava do Star Trek pretendia aniquilar a visão (filosófica, ética e inteligente) do Gene Rodenberry transformado o Star Trek numa franchise infantil de acção, modelada aos filmes do Star Wars.
Ele disse isto tudo num "depoimento"? Partilha, por favor.

Da pesquisa que fiz, a realidade que encontro em "depoimentos" que ele fez é bastante diferente da tua:
One thing Abrams has never been, though, is a Trekker. Or a Trekkie. Or even a Trekkist. "Star Trek," he says, referring to the original TV series, "always felt like a silly, campy thing. I remember appreciating it, but feeling like I didn't get it. I felt it didn't give me a way in. There was a captain, there was this first officer, they were talking a lot about adventures and not having them as much as I would've liked. Maybe I wasn't smart enough, maybe I wasn't old enough. But The Twilight Zone I was obsessed with. Loved it."

Any new addition to the Star Trek universe must manoeuvre through a dense asteroid belt of existing Trek lore that has accumulated after 79 episodes of the original series, its TV successors (The Next Generation, Deep Space Nine, Enterprise), 10 movies and innumerable other spin-offs. But Abrams's ignorance was, he says, an asset: "I had no idea there had been 10 movies! I still haven't seen them all. I didn't want to become a student of Star Trek. I felt that was actually one of the few advantages I had. I was trying to make a movie, not trying to make a Trek movie."
https://www.theguardian.com/film/2009/m ... -star-trek
"I never liked 'Star Trek' when I was a kid," said Abrams. "Growing up, I thought, honestly, I couldn't get into it. My friends loved it. I would try, I would watch episodes but it always felt too philosophical to me. Some of the writers loved 'Star Trek,' I was not really a fan, my producing partner never saw it ... so when we were all happy it felt like that was the way to go."

"I stopped listening to you when you said you didn't like 'Star Trek,'" joked Stewart, after which Abrams humbly and humorously explained his approach to the series as a non-fan.

"You ... and your kind ... were much smarter than I was," laughed Abrams. "I couldn't get it. So we tried to make it work for people like me ... and people like you. The goal [with 'Star Trek Into Darkness'] was to make a movie for moviegoers, not just for 'Star Trek' fans. So if you've never seen 'Star Trek' before, you can still see it."

However, now that Abrams is completely entrenched in the "Star Trek" universe, he's a full-fledged Trekkie.

"'Star Trek' is my favorite show of all time," he admitted. "But for some reason it never clicked with me until I started working on it, and then I fell in love with it."
https://www.yahoo.com/movies/blogs/movi ... 48009.html
O realizador sabia ser totalmente ignorante da sociedade futurística que o Gene Rodenberry idealizou, e como ele não tinha competências para realizar o filme, socorreu-se do artifício esfarrapado da viagem no tempo, para criar um século XXIII paralelo. Mas esse argumento não funciona, pois a sociedade do futuro não consiste de adolescentes palermas e cowboys a guiar automóveis estilo James Dean, e não é o pai do Kirk ter morrido que muda a sociedade evoluída idealizada pelo Gene Rodenberry e mostrada nas séries (incluindo a série Enterprise que é passada 100 anos antes no século XXII).
Adolescentes palermas há em todas as sociedades, e o encanto do Kirk no reebot do Star Trek é precisamente uma parte que faz sentido na visão do Abrams. Porque o Kirk do Abrams, concordando contigo quanto ao ser um "puto estúpido", torna-o numa personagem intemporal. Jovens irresponsáveis com a mania das grandezas e sangue na guerla há em todas as sociedades. O mito do rebelde James Dean vai apelar certamente a muito público, e não é por ser estúpido,é por ser realista, intemporal e por estar perto de um determinado estereotipo de jovem. Mais importante que isso, dá espessura ao character building que o argumento coloca em cena. O próprio Spock tem a mesma visão que tu: o Kirk é um "puto estúpido" que não tem lugar na academia. Uma boa parte da força deste Star Trek é a rivalidade entre Spock e Kirk, que vai degenerar em respeito e amizade (forte amizade), à medida que cada um deles conhece a personalidade do outro mais a fundo, e à medida que se vão tornando homens face às adversidades que passam juntos. Sim, o ser um "puto estúpido" é uma escolha deliberada do argumento. Andar a fugir da polícia, lançar o Corvervette ravina abaixo e provocar rixas de pancadaria nos bares, isto tudo é character building deliberado. A aura impoluta e sem defeitos do Captain Pickard, um senhor já com idade para ter muito juízo e sabedoria acumulados, não tem lugar nesta visão bem rebelde do Abrams.
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Re: Liberation / Освобождение (1971) - Yuri Ozerov / Julius Kun

Post by JoséMiguel »

Samwise wrote: May 12th, 2017, 6:17 pm
JoséMiguel wrote: May 12th, 2017, 12:55 pm Rui Sousa e Samwise, há aí uma série de mal entendidos, porque eu não me devo ter explicado bem, não tenho tempo agora para abordar todos, mas irei esclarecer o mais grave, que é o pessoal pensar que ando a chamar atrasados mentais a pessoas com gostos diferentes dos meus, algo muito grave e falso.
A minha percepção é a de que por vezes não andas muito distante disso, seja o termo utilizado "atrasado mental" ou outros do mesmo alcance ("idiota", "imbecil", "estúpido", "palerma"), que usas com recorrência em praticamente todos os tópicos, e para te referires ao Abrams ou aos produtores em geral de Hollywood.
Então deves ter algum problema pessoal de percepção e interpretas mal o que escrevo. O mais grave é que andas a agir de má fé, mas com grande inteligência, a subverter o sentido dos meus comentários, de forma deliberada, como fazem os políticos malandros.

A tua frase acima é mais um exemplo do teu comportamento negativo em má fé, quando dizes "que usas com recorrência em praticamente todos os tópicos". Eu escrevi 2124 mensagens no fórum e se me acusas de escrever linguagem ofensiva em em praticamente todos os tópicos, exijo provas ou uma retracção e pedido de desculpas. Tens à tua disposição a pesquisa avançada do fórum, para obteres a tua demonstração.

Já expliquei na mensagem anterior que não ando a insultar nenhum cinéfilo dentro ou fora do fórum, se não sabes interpretar o que escrevo, problema de percepção teu. De facto, de vez em quanto, e quando acho que merecem, chamo de "palerma" a algum crítico profissional de cinema ou a algum realizador ou produtor, mas isso não se trata de nenhuma ofensa pessoal e estou apenas a criticar o lado profissional do trabalho deles.
Se não é tua intenção de facto, penso que devias moderar o discurso. Se é tua intenção, então tudo bem, estás no teu direito (dirigir insultos aos outros faz parte da liberdade de expressão), mas é uma abordagem discursiva com a qual eu não me identifico particularmente e não me motiva para responder de forma articulada.
Aqui estamos de acordo, também não estou motivado a discutir com alguém que faz de Advogado do Diabo a defender os mesmos produtores de Hollywood que estagnaram o Cinema norte-americano. Se houver algum mal-entendido no que escrevo, peço ao Rui Santos que entre em contacto comigo, não irei moderar o meu discurso por tu o pedires dessa forma agressiva.
A única instância em que usei esse termo (que eu saiba) foi para o realizador J.J. Abrams, e não foi neste tópico nem a propósito desta conversa, onde eu escrevi que ele faz filmes para atrasados mentais e se orgulha disso.
O que é por sua vez uma coisa falsa, tal como outras afirmações que fazes mais abaixo.
Comentário: Até me chamas-me de mentiroso? Mas que brincadeira pouco séria vem a ser esta? O único caso que me ocorreu foi esse do J.J. Abrams. Mentiroso aqui deves ser tu!

Todos os tópicos onde eu escrevi "atrasado mental":

search.php?keywords=atrasado+mental&ter ... =Pesquisar

O J.J. foi o único caso em que usei o termo para um profissional específico, tirando isso houve uns poucos casos em que utilizei a expressão no contexto do estúdio X "considerar o tele-espectador como atrasado mental", sé existem 16 mensagens em que utilizei o termo e em vários casos estou a descrever uma personagem de um filme como o "Bad Ronald" e "The Elephant Man".

Podem me acusar de escrever à bruta e de às vezes cometer algum erro, porque não tive tempo de verificar alguma fonte, mas desonesto e mentiroso não sou e chamo as coisas pelos nomes
Agora vou ter de justificar...

Eu sou fã do Star Trek desde criança, vi todos os episódios de todas as séries 3 ou 4 vezes, e todos os filmes umas 8 ou 9 vezes, e depois entra em cena o realizador J.J. Abrams...
Tal como tu, há uma infinidade de die-hard fans do Star Trek espalhados por todo o mundo que seguiram as séries originais e repetiram a dose várias vezes. Deste universo, alguns detestaram a versão do Abrams, outros acharam assim-assim, e outros ainda adoraram (olha, está aqui um, só para dar um exemplo https://www.theguardian.com/film/2009/may/08/star-trek). Isto não faz de nenhuma destas pessoas uma legítima representante da opinião de todas. Cada uma terá a sua opinião e as suas motivações para a justificar, e cada uma delas terá razão à sua maneira. Aqui entramos naquele cliché democrático que coloca um mesmo argumento a servir duas opiniões diferentes e contrárias: uns dirão, "ele não foi fiel ao espírito da série e por isso não gosto", outros dirão "ele pegou no conceito original e modificou as premissas injectando sangue novo, e por isso gosto". Ou seja, o filme não bom ou mau por ter saltado fora do conceito original que eventualmente orientou a série original. É bom ou mau se o salto que deu foi parar nas proximidades daquilo que tu, pessoa individual, consideras correcto. No caso, parece não ter sucedido.
Não estou interessado na tua visão pessoal das coisas, porque tu és um Advogado do Diabo, que implica com o que os outros escrevem, indo buscar coisas picuínhas e tentando demonstrar "que a Terra não gira em torno do Sol".
Eu não chamei atrasado mental ao realizador, pois não é isso que eu acho dele, orgulhar-se de fazer filmes para atrasados mentais, não faz dele um atraso mental, apenas um palerma e um sujeito de mau carácter e mal intencionado.
Mau carácter e mal intencionado porquê ao certo? Não entendo esta parte, que não é um insulto, mas uma acusação de má fé. Ele fez o filme segundo a sua visão do universo e das personagens (a sua e mais a dos argumentistas). Em que é que isso é má fé?

A partir daqui começam a suposições e as falsidades. A não ser que partilhes provas sobre o que afirmas:
A Paramount decidiu a certa altura destruir, infantilizar e estupidificar a franchise do Star Trek, e foi dada a ordem para a criação de filmes do Star Trek para atrasados mentais. Eu gosto de chamar as coisas pelos nomes, e sei que houve uma reunião dos executivos manda-chuvas da Paramount onde foi mesmo decidido criar filmes para atrasados mentais, que expressão foi utilizada na reunião não sei, poderão ter dito algo como "We can make more money, if we start making Star Trek movies for imbecils", ou poderão ter dito "Let's make the senior crew behave like idiot teenagers (putos estúpidos), so our teenage target audience can relate more to the films".
Fonte?
O J.J. Abrams foi o carrasco contratado para assassinar a franchise Star Trek, e quando ele estava a fazer o filme, disse num depoimento que nunca tinha visto o Star Trek e odiava a essa franchise, disse também que era um fan boy do Star Wars e como não gostava do Star Trek pretendia aniquilar a visão (filosófica, ética e inteligente) do Gene Rodenberry transformado o Star Trek numa franchise infantil de acção, modelada aos filmes do Star Wars.
Ele disse isto tudo num "depoimento"? Partilha, por favor.
Não tenho culpa que não consigas interpretar com bom senso o que eu escrevo, e depois ajas de má fé a denegrir a minha pessoa, fazendo-me passar por algum mentiroso, eu escrevi "que expressão foi utilizada na reunião não sei, poderão ter dito algo como". Qual é a parte que não percebes?
Da pesquisa que fiz, a realidade que encontro em "depoimentos" que ele fez é bastante diferente da tua:


https://www.theguardian.com/film/2009/m ... -star-trek


https://www.yahoo.com/movies/blogs/movi ... 48009.html
Obrigado por citares as fontes para a minha explicação!

Adolescentes palermas há em todas as sociedades, e o encanto do Kirk no reebot do Star Trek é precisamente uma parte que faz sentido na visão do Abrams. Porque o Kirk do Abrams, concordando contigo quanto ao ser um "puto estúpido", torna-o numa personagem intemporal. Jovens irresponsáveis com a mania das grandezas e sangue na guerla há em todas as sociedades. O mito do rebelde James Dean vai apelar certamente a muito público, e não é por ser estúpido,é por ser realista, intemporal e por estar perto de um determinado estereotipo de jovem. Mais importante que isso, dá espessura ao character building que o argumento coloca em cena. O próprio Spock tem a mesma visão que tu: o Kirk é um "puto estúpido" que não tem lugar na academia. Uma boa parte da força deste Star Trek é a rivalidade entre Spock e Kirk, que vai degenerar em respeito e amizade (forte amizade), à medida que cada um deles conhece a personalidade do outro mais a fundo, e à medida que se vão tornando homens face às adversidades que passam juntos. Sim, o ser um "puto estúpido" é uma escolha deliberada do argumento. Andar a fugir da polícia, lançar o Corvervette ravina abaixo e provocar rixas de pancadaria nos bares, isto tudo é character building deliberado. A aura impoluta e sem defeitos do Captain Pickard, um senhor já com idade para ter muito juízo e sabedoria acumulados, não tem lugar nesta visão bem rebelde do Abrams.
Infelizmente não é apenas comigo que defendes a tua liberdade de um cineasta faltar ao respeito a uma obra original, houve mais alguém que também não achou muita graça a seres o Advogado do Diabo a tentar minar os comentários dos outros, no tópico do filme "The Lost City of Z". A única diferença é que agora me saiu na rifa uma tentativa tua de denegrir o meu carácter, feita de forma muito inteligente e em má fé.


Samwise, tu foste longe demais. Não tenho nada contra ti, e até te considero uma pessoa inteligente e participativa, com muito gosto e conhecimento de cinema, mas perante o que escreveste nas últimas mensagens, a tua reputação ficou estilhaçada. Lamentavelmente não terei nenhum interesse em voltar a debater ideias contigo, mas poderei responder perante algum ataque público que me voltes a fazer, caso o entenda.

Não estou zangado e não existe nenhuma inimizade da minha parte. As minhas desculpas ao Rui Santos e a todos os membros, mas eu tenho o direito de me defender, dada a gravidade da situação. Da minha parte este assunto está encerrado.
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Re: Liberation / Освобождение (1971) - Yuri Ozerov / Julius Kun

Post by Samwise »

José Miguel, não te vou responder já porque não o quero fazer de cabeça quente. Penso que só iria piorar mais as coisas.

Mas a duas coisas respondo já: eu não te chamei de mentiroso. Disse que tinhas escrito "suposições" e "falsidades", coisa que mantenho, mas isso não significa que sejas mentiroso. Serias mentiroso se soubesses que de facto o que estavas a escrever era falso, e eu acredito que não soubesses, acredito que de alguma forma te tenhas convencido ao longo do tempo dessas ideias, como sucede com toda gente. As falsidades, contudo, continuam à vista. Amanhã volto ao assunto.

A outra coisa a que te respondo é à questão da má fé. Não, não estou a agir de má fé. Estou a firmar uma posição contrária aos assuntos que abordas e à forma como os abordas, e tenho por isso de te contradizer, apontar o que para mim está errado, e denunciar eventuais citações que não existiram na realidade.Isto é discutir um assunto. Lamento que te sintas melindrado com a minha abordagem. Não tenho por intenção ofender-te.
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Re: Liberation / Освобождение (1971) - Yuri Ozerov / Julius Kun

Post by Samwise »

José Miguel, após este compasso de espera para reflexão de minha parte, decidi colocar um ponto final nesta coisa. Não vou desenvolver mais argumentação nenhuma, não vou insistir nos pontos que abordei anteriormente e vou deixar de ter uma atitude de advogado do diabo em relação ao que quer que seja, em particular em relação a assuntos que se revestem para ti de tanta importância. Neste ou noutros tópicos.

Mais uma vez, lamento ter-te melindrado da forma que o fiz. Eu sou uma pessoa que aprecio muito "o calor do debate" mas normalmente não me comporto com tanta agressividade ou sentido de "destruição". Não mereces (nem tu nem ninguém) levar com abordagens dessas. O resto do que tenho para te dizer segue por PM.
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Re: Liberation / Освобождение (1971) - Yuri Ozerov / Julius Kun

Post by JoséMiguel »

Samwise wrote: May 14th, 2017, 11:39 pm José Miguel, após este compasso de espera para reflexão de minha parte, decidi colocar um ponto final nesta coisa. Não vou desenvolver mais argumentação nenhuma, não vou insistir nos pontos que abordei anteriormente e vou deixar de ter uma atitude de advogado do diabo em relação ao que quer que seja, em particular em relação a assuntos que se revestem para ti de tanta importância. Neste ou noutros tópicos.

Mais uma vez, lamento ter-te melindrado da forma que o fiz. Eu sou uma pessoa que aprecio muito "o calor do debate" mas normalmente não me comporto com tanta agressividade ou sentido de "destruição". Não mereces (nem tu nem ninguém) levar com abordagens dessas. O resto do que tenho para te dizer segue por PM.
Eu sei dar valor a um gesto de grande maturidade e de bom carácter como tiveste agora, independentemente da nossa diferença de opiniões, mal entendidos, e sem perderes nenhuma razão que possas ter ou não, acerca da tua opinião manifestada anteriormente.

Escrevo esta resposta como um elogio, antes sequer de ter lido a mensagem privada que me enviaste, porque existe um mundo de diferença entre uma mensagem privada e uma mensagem pública. Se me tens dito o mesmo em privado, a minha reacção teria sido outra, porque é muito diferente um gajo da minha idade como tu dizer-me em privado "Olha lá rapaz! Essa coisa de andares a bater na mesma tecla a dizer mal do cinema americano já cheira mal!", pois eu aceito muito bem uma crítica construtiva.

Agora lavar roupa suja em público é que não... e por isso reagi daquela forma.

Não estaria a responder agora, caso tivesses optado por prosseguir este mau ambiente mútuo de ambas as partes, publicamente no fórum.

Da minha parte o assunto está publicamente encerrado com este elogio público que faço ao Samwise. Irei depois ler a mensagem privada, que já não diz respeito ao fórum...
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