Black Swan (2010) - Darren Aronofsky

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Malick
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Re: Black Swan (2010) - Darren Aronofsky

Post by Malick »

Aronofsky regressa em força com mais um "exercício" muito bom. Ainda não foi desta que fez um grande filme mas esteve lá perto. O argumento é o de um típico melodrama desvirtuado pelos jogos de "espelhos" da personagem principal. A tensão típica de Pi ou de Requiem está lá, presente nas imagens carregadas de grão, da autoria do habitual Libatique, que aqui usa 16mm e uma nikon 7d se não estou em erro. A realização está ao nível do The Wrestler (o que não é de estranhar pois são 2 percursos semelhantes, bem como unidos inicialmente, pois a ideia original de Aronofsky era a de um filme centrado na relação de um lutador de wrestling com uma bailarina), o que não é nada mau, mas o que ficará para a história será o desempenho de Natalie Portman, aqui um portento de fragilidade, lutando para se tornar uma mulher, soltando-se das garras da insegurança que uma relação abusiva lhe cravou na alma.

4/5
jimmy
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Re: Black Swan (2010) - Darren Aronofsky

Post by jimmy »

Fui ver o Black Swan com alguma curiosidade em perceber se era desta que o Aronofsky me conquistava :-))) ...mas continua a ser para mim um one-hit wonder (wrestler).

É inegável que estamos na presença de um portento técnico. Nao existe nada a apontar nesse capitulo , e claro que a Natalie se destaca na sua interpretação (ainda que muito menos fulgurante do que aquilo que vinha lendo). Mas colocando de parte a sua componente mais formal , o Black Swan passou-me ao lado. Sem dramatismo , sem tensao , sem vida. É um exercício estilístico. É exactamente o oposto do Wrestler.

É impossível escapar á comparacao com o Perfect Blue , filme com o qual partilha temática , narrativa , e até alguma composição de cenas. Acho que o filme do Kon é bem melhor , menos distante , até mais coerente. Merecia reconhecimento.
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paupau
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Re: Black Swan (2010) - Darren Aronofsky

Post by paupau »

Este achei um grande filme, uma interpretação assombrada, para ser recordada durante largos anos. Está visto que ao realizador interessa analisar a psique das personagens principais (nos que vi, falta fountain), sempre em locais bem recônditos e escuros, com personagens que descem ao Inferno antes de alcançar a Redenção (ou por lá ficam, como no Requiem). É o tema principal deste autor, toda a envolvente acaba por ser secundária: wrestling, dança, são apenas espaços físicos a esmagar os protagonistas, somos sim obrigados a mergulhar naquele ser, e a saída não costuma ser fácil.

Já disseram bem que o estilo sofreu grandes alterações, e este despojamento técnico só tem beneficiado os últimos filmes, tenho gostado deste estilo mais maduro,deixando de lado uma montagem mais cool ou Mtv ou o que queiram, para surgir algo de verdadeiro Autor. Espero grandes coisas do Darren de futuro.

Pequenos spoilers a partir daqui:



Pequenas queixas: os doppelganger/alterego/whatever deviam ter surgido mais tarde no filme, rapidamente se percebe que a mente da personagem está a ir de vela, como o encontro naquele túnel do metro, por exemplo. Iríamos ficar com mais dúvidas se realmente as outras bailarinas estavam à caça do lugar ou não. A cena do Whore a baton é bom exemplo, dava outra dimensão à suposta rivalidade que existiria, assim é a própria que o faz de forma inconsciente para lidar com a culpa que sente. Gostava que a ambiguidade tivesse durado mais uns minutos.

As cenas de ballet desiludiram-me um pouco. Não era claramente o interesse do filme, que classifico como de horror - mas apreciava mais aparato cénico nas danças,só mesmo a representação final, e mesmo assim. O modo de filmar, não sei se para esconder alguma fragilidade da Natalie, teve pouquíssimas panorâmicas e vistas gerais, quer dela própria, quer da companhia em geral. Tudo muito filmado em grande plano, perdeu-se bastante da beleza das coreografias. Mas valeu pelo momento luminoso das penas a aparecer no BS no clímax, um momento simplesmente belo.

Um grande filme, excelente companion piece para os Red Shoes.
CC - 174 MoC - 73 BFI - 21
Kapinze
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Re: Black Swan (2010) - Darren Aronofsky

Post by Kapinze »

Como todos sabem Black Swan é um dos meus filmes favoritos, e não resisti a editar um videoclip com as cenas (perversas) do filme.
NOTA: Sou fã de dubstep, baixem o volume :twisted:

http://youtu.be/Vik7GMTZ8EU

Depois dêem a vossa opinião, editei o video com um programa amador, o Pinnacle.
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Rui Santos
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Re: Black Swan (2010) - Darren Aronofsky

Post by Rui Santos »

Apenas hoje tive a oportunidade de ver o filme, e confesso que discordo um pouco de todos vós.
Claro que as interpretações, a realização, a música, a caraterização tudo isso é excelente, mas para mim falha num ponto crucial que é a história.
Ao fim de 30 minutos de filme, quase que me apetecia deixar o filme para ir fazer outra coisa. Previsível e exagerada desde o início.
Claro que se imagina que a vida de uma bailarina é difícil, que o sentimento de se ser velho aos 30 é horrível, mas o filme torna-se um pouco um filme de terror e alucinação o que na minha opinião estraga um pouco o filme.
Não me tocou.

Nota não positiva para a edição nacional em Blu Ray nacional, com uma qualidade de imagem algo deficiente para o formato, cheia de grão (acho que não será de propósito)
Para mim é um 7/10. Reconheço-lhe alguma qualidade, excelentes papeis, mas curto e simplista no argumento.
E por fim, concordo com quase tudo o que o Cabeças colocou aqui numa critica do público. Ver este post na mouche imho.

Editado em 25/04:
Pois como uma das minhas filhas não tinha visto o final do filme, decidi rever a meia hora final do mesmo com ela hoje de manhã... e a toda a sequência final é espectacula. Em particular a metamorfose em cisne negro...nessa parte quase que nos sentimos dentro do palco. Excelente.
Acredito também, após pensar um pouco que é um filme que ganha muito em ser visto numa sala de cinema, pois permite muito mais (pelo menos em minha opinião) entrar no filme e no clima do mesmo.
Lembro-me sempre da sinergia visual entre a música e a violência das imagens que senti quando vi Pulp Fiction, tal só senti aquando do visionamento em sala grande, aquilo que chamo um banho de cinema a entrar pela nossa cabeça.
Este filme (Cisnes Negros) tem esse potencial... e parece que teve esse efeito em muitos de vós.

E finalmente, o óscar, mesmo sem ter visto as restantes concorrentes, parece-me justíssimo para a NP, é realmente um grande papel.

Pequeno spoiler:
Não gosto de todas as sequências sexuais, acho-as desinspiradissimas e forçadas. Se o objectivo era dar uma idea da pureza do cisne branco e a ideia que uma bailarina só tem tempo para dançar, castrada que era por uma mãe também ela bailarina (e que personagem perdida que a mãe é...)
Falha nesse ponto, é demasiado redutor e simplista. E já agora nessas sequencias, propositado ou não é das alturas que gosto menos de ver a Nathalie Portman. (pode eventualmente ser propositado, pois na sequência final como cisne negro o seu olhar está muito bom.
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Re: Black Swan (2010) - Darren Aronofsky

Post by No Angel »

Rui Santos wrote: April 25th, 2017, 12:21 am Apenas hoje tive a oportunidade de ver o filme, e confesso que discordo um pouco de todos vós.
Claro que as interpretações, a realização, a música, a caraterização tudo isso é excelente, mas para mim falha num ponto crucial que é a história.
Ao fim de 30 minutos de filme, quase que me apetecia deixar o filme para ir fazer outra coisa. Previsível e exagerada desde o início.
Claro que se imagina que a vida de uma bailarina é difícil, que o sentimento de se ser velho aos 30 é horrível, mas o filme torna-se um pouco um filme de terror e alucinação o que na minha opinião estraga um pouco o filme.
Não me tocou.

Nota não positiva para a edição nacional em Blu Ray nacional, com uma qualidade de imagem algo deficiente para o formato, cheia de grão (acho que não será de propósito)
Para mim é um 7/10. Reconheço-lhe alguma qualidade, excelentes papeis, mas curto e simplista no argumento.
E por fim, concordo com quase tudo o que o Cabeças colocou aqui numa critica do público. Ver este post na mouche imho.

Editado em 25/04:
Pois como uma das minhas filhas não tinha visto o final do filme, decidi rever a meia hora final do mesmo com ela hoje de manhã... e a toda a sequência final é espectacula. Em particular a metamorfose em cisne negro...nessa parte quase que nos sentimos dentro do palco. Excelente.
Acredito também, após pensar um pouco que é um filme que ganha muito em ser visto numa sala de cinema, pois permite muito mais (pelo menos em minha opinião) entrar no filme e no clima do mesmo.
Lembro-me sempre da sinergia visual entre a música e a violência das imagens que senti quando vi Pulp Fiction, tal só senti aquando do visionamento em sala grande, aquilo que chamo um banho de cinema a entrar pela nossa cabeça.
Este filme (Cisnes Negros) tem esse potencial... e parece que teve esse efeito em muitos de vós.

E finalmente, o óscar, mesmo sem ter visto as restantes concorrentes, parece-me justíssimo para a NP, é realmente um grande papel.

Pequeno spoiler:
Não gosto de todas as sequências sexuais, acho-as desinspiradissimas e forçadas. Se o objectivo era dar uma idea da pureza do cisne branco e a ideia que uma bailarina só tem tempo para dançar, castrada que era por uma mãe também ela bailarina (e que personagem perdida que a mãe é...)
Falha nesse ponto, é demasiado redutor e simplista. E já agora nessas sequencias, propositado ou não é das alturas que gosto menos de ver a Nathalie Portman. (pode eventualmente ser propositado, pois na sequência final como cisne negro o seu olhar está muito bom.
As partes sexuais eram importantes para a evolução da personagem. Ela no inicio do filme era o cisne branco, totalmente pura e imaculada, digamos assim, e para conseguir encarnar o cisne negro ela teria que se aventurar pela sexualidade e perder o controlo sobre si mesma (sendo que isso advinha sim da mãe que a reprimia).

E a questão do filme é: quão longe um artista é capaz de ir pra atingir a perfeição, e qual é o custo que isso acarreta para ele?! A protagonista ao longo do filme faz tudo para atingir essa perfeição artistica, e consegue, mas no final paga o preço (assim como muitos artistas do mundo real pagam esse preço, nesse aspeto eu acho o filme muito realista).
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