Pretty in Pink (1986) - Howard Deutch

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rui sousa
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Pretty in Pink (1986) - Howard Deutch

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Pretty in Pink (A Garota do Vestido Cor-de-Rosa)

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Sinopse (DVDpt):
Os preferidos dos adolescentes dos anos 80, Molly Ringwald (16 Primaveras, O Clube) e Andrew McCarthy (O Primeiro Ano do Resto das Nossas Vidas) fizeram sensação com a sua presença nesta fantástica história de amor de John Hughes (O Rei dos Gazeteiros).
Ela é uma rapariga do liceu, vivendo no lado errado da cidade.
Ele é o rico quebra-corações que a convida para o baile de finalistas. Mas o seu rápido romance é posto em causa pela dolorosa realidade das pressões dos seus pares.
Uma história doce e amarga, com um final inesquecível e uma fenomenal banda sonora de música rock.
A GAROTA DO VESTIDO COR DE ROSA é ainda interpretado por Harry Dean Stanton, Jon Cryer, James Spader e Annie Potts.
Trailer
rui sousa
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Re: Pretty in Pink (1986) - Howard Deutch

Post by rui sousa »

Pretty in Pink foi escrito por John Hughes e, apesar de não contar com a sua presença na realização, é um filme que, por ser tão próximo do seu estilo e da sua linguagem, lhe é várias vezes creditado nesse campo, algo que é realmente errado, sim, mas não totalmente descabido.

Não se trata de um erro qualquer, de uma simples troca de nomes entre um realizador mais conhecido do que o outro, até porque Howard Deutch parece simplesmente cumprir esse papel de mediador entre a escrita de Hughes e o que ficou filmado. Diríamos, até, que durante as tantas semanas de rodagem, o corpo de Deutch foi possuído pelo espírito de Hughes, que levou a sua avante assinando, no fim, com outro nome.

É claro que a última frase não passa de um enorme disparate, até porque Hughes deveria ter mais que fazer do que cirandar entre outras almas no plano do sobrenatural. Todavia, o erro, como eu estava a dizer, justifica-se por Pretty in Pink ser um filme 100% Hughes. Por isso, podemos apontar a razão mais natural para esta semelhança: Deutch só fez por exercer bem o cargo de monge copista que lhe foi entregue. Até porque, se formos a ver bem, nenhum dos títulos da filmografia de Deutch que não contam com a pena de Hughes (há mais dois com argumento de sua autoria) consegue ir ao encontro do que Pretty in Pink tem de mais singelo e encantador. A culpa é mesmo da Hughesianice, presente em todos os momentos deste belo filme para adolescentes e não só.

Uma das coisas que mais admiro em Hughes, e que o distingue de todos os outros feitores de teen-movies dos anos 80 (e noutras décadas anteriores - depois dos 80, parece que a degradação sem fim à vista dominou completamente esse género) é a seriedade, mascarada de humor light, com que consegue abordar temas relacionados com a adolescência e o crescimento (bem como os dilemas existenciais de tudo isso) sem ceder a sua visão à maneira como muitos queriam (e querem hoje) filmar os teens no ecrã. Ou seja, nos filmes de Hughes (ou neste que é só escrito por ele), os personagens não são “meros jovenzinhos inconscientes e irresponsáveis cuja opinião sobre algum problema não tem qualquer interesse para o espectador”, ou por outras palavras, os jovens hughsianos não são "uns porcalhões quaisquer com uma mioleira idêntica à de uma formiga".

The Breakfast Club (este sim com Hughes a realizar) deve ser, talvez, o exemplo máximo disso: estava ali na fronteira entre ser um filme diferente (como o é) e apenas mais um filme com adolescentes parvos. Mas a diferença é feita no desenrolar dos acontecimentos e nas diferentes camadas em que cada um daqueles “detidos” na escola se vão revelando para o espectador - OK, cada um deles representa um arquétipo, é verdade, mas é raro ter figuras-tipo que sejam tão próximas do espectador e que consigam, em certos instantes, subverterem a convenção em que a narrativa as instalou social e psicologicamente.

E as figuras do filme de Deutch (ou de Hughes?), por mais patéticas ou bizarras que sejam (aqui temos umas quantas que nos divertem pela sua maneira de ser - e não só pelos penteados), são mais autênticas e humanas do que muitos daqueles ícones inspiracionais que muitos trazem na algibeira, prontos a serem citados em qualquer postagem nas redes sociais. Pretty in Pink representa bem isso, com a sua historieta de amores divididos à la Romeu e Julieta, em que a personagem mais interessante de todas não é nem a protagonista (Molly Ringwald) ou o seu amado (Andrew McCarthy), mas o secundário (Jon Cryer), apaixonado desde sempre pela rapariga, e que tenta fazer com que as suas excentricidades possam "sobreviver" num mundo em que ser zé ninguém, ou mais um no rebanho, é igual a ter uma vida sossegada e livre de inseguranças. O pai da miúda (Harry Dean Stanton) é outro elo interessante da narrativa, sendo aquele típico progenitor que é o maior desgraçadinho da aldeia, mas com alguns detalhes emocionais que o tornam inesquecível.

Pretty in Pink é uma comédia dramática sobre várias transições: a do fim da escola para o que vem depois, a de um pai em conflito com o seu passado, e a da passagem para uma idade mais adulta ou "crescida". Tudo isto é filmado numa narrativa que "tresanda" aos oitentas, no bom sentido, e que não deixa as suas componentes (deliciosas) da época interferirem num conto que, no fim de contas, é universal. Um filme divertidíssimo que peca apenas por alguns pormenores simplistas metidos a martelo (a pedido do estúdio, talvez?), mas que não afectam, felizmente, o todo, que é uma alegria de se ver (e com uma banda sonora que é um mimo).

Uma nota para a sequência fabulosa (hoje icónica) em que Jon Cryer - um actor que é muito mais do que um dos tipos da série 2 and a Half Men - personaliza Ottis Redding e a sua extraordinária interpretação de “Try a Little Tenderness”. Cryer que, recentemente, voltou a este momento emblemático da sua carreira e que mostrou, auxiliado pelo apresentador James Corden, que ainda está aí para as curvas.
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Re: Pretty in Pink (1986) - Howard Deutch

Post by Cabeças »

Tenho o filme, mas nunca o vi.... agora fiquei cheio de vontade de o ver.

Ao ver o trailer, fiquei assustado com a quantidade de dentes que o John Cryer parece ter dentro da boca... pelo menos mais uns 10 do que uma pessoa normal... nails-)

:-)))
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Re: Pretty in Pink (1986) - Howard Deutch

Post by nimzabo »

Um dos meus preferidos dentro do género, para além de alguns que já referiste, é o 'Não Digas Nada' (Say Anything...)
http://www.imdb.com/title/tt0098258/
https://www.rottentomatoes.com/m/say_anything

E já agora outros dois: Fast Times at Ridgmont High e o Dazed and Confused, um pouco mais tardio.
Ambos com actores muito novos que mais tarde se tornariam estrelas.
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Re: Pretty in Pink (1986) - Howard Deutch

Post by mansildv »

Li a publicação do Rui e não resisto, vou ver o filme daqui a pouco :-)))
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Re: Pretty in Pink (1986) - Howard Deutch

Post by mansildv »

Pretty in Pink (1986) - 8/10

Comédia romântica muito boa, com uma história enternecedora, e um Jon Cryer impecável, a brilhar numa das cenas mais emblemáticas do filme, e um papel icónico da Molly Ringwald!

De resto, subscrevo na totalidade o que foi publicado pelo Rui yes-)
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Re: Pretty in Pink (1986) - Howard Deutch

Post by rui sousa »

Ainda bem que gostaste mansildv :)

Mais do que escrever bem ou mal sobre um filme (e creio que atiro sempre ao lado na maioria das ocasiões), é bom ver que só o facto de o mencionar leva as pessoas a terem curiosidade de o ver!

Cabeças, quando vires diz o que achaste!

Nimzabo: o Say Anything ainda não vi.
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Re: Pretty in Pink (1986) - Howard Deutch

Post by mansildv »

rui sousa wrote: November 22nd, 2017, 12:38 pm Ainda bem que gostaste mansildv :)

Mais do que escrever bem ou mal sobre um filme (e creio que atiro sempre ao lado na maioria das ocasiões), é bom ver que só o facto de o mencionar leva as pessoas a terem curiosidade de o ver!
Nem mais, objectivo cumprido yes-)
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Re: Pretty in Pink (1986) - Howard Deutch

Post by mansildv »

rui sousa wrote: November 22nd, 2017, 12:38 pm Nimzabo: o Say Anything ainda não vi.
E já agora, também te recomendo o Say Anything! Acho que vais gostar, é uma espécie de marco deste género de filmes :-)))
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Re: Pretty in Pink (1986) - Howard Deutch

Post by nimzabo »

Esqueci-me de referir o Election de 1999 de que também gostei muito.
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