Qual foi o último filme que viram ?

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elfaria
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Re: Qual foi o último filme que viram ?

Post by elfaria »

Gostaria de partilhar aqui convosco uma curiosidade da história do cinema que julgo talvez não esteja muito divulgada que é o CINERAMA

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http://www.youtube.com/watch?v=lII5rXbxcCs


É que no sábado vi o documentário de apresentação deste formato This is Cinerama e achei curioso pois só conheço um filme de argumento realizado com esta técnica: How The West Was Won http://www.imdb.com/title/tt0056085/ e 2 documentários
http://www.amazon.com/gp/product/B008N3 ... d_i=507846
A camara de cinerama capta a visão humana da forma mais real possível do centro do campo de visão até à visão periférica isso graças ao facto de ser na realidade um conjunto de 3 camaras paralelas e sincronas necessitando por isso também de salas com equipamento especial para a projeção.
Ainda existe algures na américa um grupo de entusiastas do sistema CINERAMA que possui camaras destas a funcionar e se dedica a realizar filmes sobre temas diversos e a exibi-los em festivais temáticos mas comercialmente o formato acabou por ser substituído pelo 70mm com pena de muitos adeptos em todo o mundo .
Sobre o filme em si não há muito a dizer a não ser que foi exibido em Road Show por toda a América e em algumas salas adequadas no resto do mundo que mostra alguns cenários europeus e americanos de grande espetacularidade visual e sonora. Hoje é o IMAX que dá cartas no grande formato e o CINERAMA é apenas memória de tempos de grande criatividade e engenho. E é pena evil-)
paupau
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Re: Qual foi o último filme que viram ?

Post by paupau »

Viste em que formato, no BD que saiu?
CC - 174 MoC - 73 BFI - 21
elfaria
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Re: Qual foi o último filme que viram ?

Post by elfaria »

paupau wrote:Viste em que formato, no BD que saiu?
Infelismente não pois o BD só está disponível em região 1 e o meu leitor diz que não :mrgreen:
Vi-o em DVD pois como tenho 4 entradas HDMI na TV mantenho o leitor antigo de DVD multiregião ligado yes-) já que tenho bastantes edições USA.
slrem12f
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Re: Qual foi o último filme que viram ?

Post by slrem12f »

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The Big Country (http://www.imdb.com/title/tt0051411/)

De William Wyler, e com Gregory Peck, trata-se de um Western clássico com assuntos morais mutio bem fundamentados. Retrata um Oeste ultrapassado e desactualizado, em que se resolve tudo com violência em vez de inteligência. A personagem de Peck vem do Leste, tem uma mentalidade totalmente oposta, e irá dar várias lições morais a esses habitantes.

Bom filme, recomendo.
rui sousa
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Re: Qual foi o último filme que viram ?

Post by rui sousa »

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Na noite da passada terça-feira, em vez de ter ido estudar para o teste de Psicologia, que tive hoje, preferi investir quase duas horas do meu tempo neste precioso filme americano, um dos maiores objetos de culto do film-noir, um género de que sou muito apreciador. E digo-vos, foi tempo muito bem gasto (e o teste correu bem, ao menos isso... acho que aproveitei melhor aquele tempo a ver esta excelente obra do que a estudar matérias que, àquela hora, não me chamavam muito a atenção). «Double Indemnity», na tradução correta «Dupla Indemnização» (mas neste caso, o título tuga, apesar de não ser uma tradução fiel ao original, até que nem lhe fica mal, porque não tira o contexto do mesmo) é um filme sobre amor, enganos, morte, dinheiro e seguros. Sim, visto que a história da fita gira à volta de Walter Neff, um corretor de uma empresa de seguros (interpretado por Fred MacMurray), que se apaixona pela esposa de um dos seus clientes, Phyllis Dietrichson (interpretada por Barbara Stanwyck). Essa paixoneta (aparentemente) correspondida levará a que os dois amantes preparem um golpe para conseguirem angariar uma quantidade considerável de dinheiro, através do marido da dita senhora, que será o alvo da falcatrua planejada pelo corretor de seguros e pela moça algo... suspeita.

«Pagos a Dobrar» (o título português verdadeiramente usado - e que nem é assim tão mau apesar de não ser uma tradução 100% fiável) inicia-se de uma forma pouco convencional, diferente do habitual e diria mesmo que, em certa medida, chega a ser inesperada. Vejamos: a história inicia-se quase pelo fim da mesma, se seguirmos a ordem cronológica dos acontecimentos. Mas não é isto que a torna inesperada, e sim a forma como é feita, ou seja, a confissão de Walter Neff ao seu patrão, Barton Keyes (interpretado pelo grandioso Edward G. Robinson, uma das grandes estrelas dos filmes de gangsters dos anos 30, a par de James Cagney), do crime efetuado, do que se sucedeu e que Neff não estava à espera, e de tudo o que levou a que acontecesse a tragédia. Neff é uma personagem descontrolada e pouco segura de si própria... ou talvez não. Pelo menos é a ideia inicial que podemos tirar desta figura ao depararmos com a cena da confissão, que inicia o relato de todos os acontecimentos do filme. Mas não, isso não é verdade. A pouco e pouco compreendemos o engenho e a astúcia com que Neff, pormenorizadamente, preparou cada detalhe do seu grande golpe (achei muito engraçado o pormenor de pôr um papel nas campainhas de casa, para saber se, ao voltar depois de ter saído, se alguém o tinha vindo procurar ao seu domicílio - o que teria acontecido se os papéizitos estivessem no chão, caídos), e como conseguiu sempre enganar o seu chefe, de uma inteligência quase inata para resolver crimes, e que quase o apanhou com a boca na botija.

O filme é baseado no livro policial homónimo da autoria de James M. Cain, tendo sido adaptada ao ecrã pelo também-realizador Billy Wilder, juntamente com o autor Raymond Chandler (que criou o Detetive Marlowe, uma das mais famosas e míticas figuras da literatura policial de todos os tempos). É uma história intrincada, repleta de grandes diálogos e excelentes cenas de drama, romance e crime. Embrenhei-me na trama, nos personagens e no ambiente do filme daquela maneira que só películas com características "noir" me conseguem causar. Gosto desse estilo cinematográfico pela fotografia, pelos ângulos e movimentos de câmara, pela sucessão de cenas que envolvem diversos tipos de narrativa mas que encaixam que nem uma luva umas nas outras. «Pagos a Dobrar» é tido como um dos expoentes maiores do film-noir, com lugar em, praticamente, todas as listas que procuram saber quais os melhores filmes de todos os tempos que já pude consultar (embora nenhuma me tenha agradado por completo - é o tal caráter subjetivo de qualquer seleção de filmes, livros, álbuns musicais, etc. Mas ao menos ainda se encontram algumas preciosidades, como foi o caso de «Pagos a Dobrar»), sendo também uma influência para muitos realizadores famosíssimos (e grandesíssimos também, com obras primas de cortar a respiração) como o Mestre Martin Scorsese, um dos maiores sábios na área da Sétima Arte, tanto na execução como na preservação (ouvi-lo a falar de cinema é um tempo muito bem passado, garanto-vos!), de que tive conhecimento até hoje. E... mesmo se nunca tivesse sido reconhecido e fosse um filme que entraria na categoria dos "esquecidos", eu estaria, na mesma, aqui a defendê-lo com unhas e dentes (e acrescentaria também que se tratava de um dos filmes mais subvalorizados que já me tinham passado pela vista, mas como não é o caso, prossigamos com a crítica).

«Pagos a Dobrar» é um filme sensacional, que me remete para aquele tema do "já-não-se-fazem-coisas-assim". Acho que é uma daquelas obras que permanece boa, passados tantos anos após a sua estreia, e que continua a emocionar, a causar algum riso em certas partes, e também a interessar. Senão seria muito mais provável que tivesse caído no dito esquecimento (ou não... a vida dá muitas voltas, já nada me surpreende...). Fazerem uma sequela deste filme é impensável, porque não vale a pena (falo nisto apenas porque hoje soube da triste notícia que a Warner Brothers tem planos para uma possível sequela do clássico «Casablanca». Ele há cada uma...), «Pagos a Dobrar» vale por si mesmo e tem tanto ou mais para explorar nele mesmo do que em meia dúzia de "thrillers" atuais. Os comportamentos e movimentos das personagens (quer gestuais como psicológicos - como por exemplo, as diferentes formas como Neff trata Phyllis - e Phyllis trata Neff - ao longo que a ação do filme se desenrola e começa a criar-se um clima de tensão entre os dois), as emoções que transmitem, a forma como são pronunciados e planeados os diálogos, e tantas outras coisas... «Pagos a Dobrar» é um autêntico guia de estudo da Arte de se fazer Cinema e um exemplo do Grande Cinema intemporal, que continuará a ser objeto de visionamento e agrado de muitas gerações. Obrigatório para os apreciadores do film-noir, e para todos os cinéfilos em geral (tal como a maioria dos filmes que vou vendo - dependendo dos gostos de cada um, vale sempre a pena tentar descobrir alguma das pérolas que eu vou "cronicando"), esta é uma obra imperdível!

Nota: * * * * *
slrem12f
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Re: Qual foi o último filme que viram ?

Post by slrem12f »

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Cries And Whispers, de Ingmar Bergman.


Belo drama que retrata uma mulher que vive em agonia, esperando pela sua morte, estando acompanhada pelas 2 irmãs e uma empregada.

Retrata as memórias de todas elas, mostrandos o seu lado cruel.

A fotografia é espectacular e realço os fortes tons de vermelho que são exibidos ao longo do filme.

Foi nomeado para Óscar de Melhor Filme.
lozin
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Re: Qual foi o último filme que viram ?

Post by lozin »

boas,

Sou novo por aqui, o ultimo filme que vi foi o taken! Isto porque o canal hollywood passou o primeiro filme antes do segundo chegar as salas de cinema. Pena n ter ido ver o segundo, pq o primeiro achei 5 estrelas!
No Angel
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Re: Qual foi o último filme que viram ?

Post by No Angel »

slrem12f wrote:Image

Cries And Whispers, de Ingmar Bergman.


Belo drama que retrata uma mulher que vive em agonia, esperando pela sua morte, estando acompanhada pelas 2 irmãs e uma empregada.

Retrata as memórias de todas elas, mostrandos o seu lado cruel.

A fotografia é espectacular e realço os fortes tons de vermelho que são exibidos ao longo do filme.

Foi nomeado para Óscar de Melhor Filme.
Adoro o Cries and Whispers, é um dos melhores filmes do Bergman :-)))

Como dizes, e visualmente espetacular, a cinematografia de Sven Nykvest e genial. Mas e muito mais do que uma imagem bonita, e um filme de emoçoes fortes e totalmente sufocante. Um dos fortes do Bergman e a fantastica caracterizaçao psicologica das personagens, e ele consegue fazer isso em 90 minutos, ou menos ( no caso do Persona).

Ainda assim, e apesar de ser um filme extremamente doloroso e cruel (recordo-me agora da cena em que a Maria despreza a Karin depois desta se lhe ter finalmente aberto) acaba em nota positiva, com uma das cenas mais bonitas do cinema. Como e possivel que uma mulher que tenha sofrido tanto ainda assim agradeça a vida que tenha? Da de facto muito que pensar.
rui sousa
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Re: Qual foi o último filme que viram ?

Post by rui sousa »

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«O Inimigo Público» (outra tradução pouco fiel a um título de um filme, mas mais ou menos adequada ao contexto do mesmo) foi o segundo filme do comediante Woody Allen em que o artista esteve a cargo também da realização. Até então, Allen tinha dado cartas em experiências como ator e argumentista em comédias mais ou menos bem sucedidas (como no filme «Casino Royale», paródia ao universo do agente secreto 007) e na sua estreia como realizador, «What's Up Tiger Lily» (uma experiência tão estranha e peculiar que nem pode ser mesmo considerada como uma "estreia" na realização, pelo que pude pesquisar sobre ela. «O Inimigo Público» é uma iniciação mais digna do epíteto de "estreia"). Contudo, penso que o filme que define o estilo Woody Allen, a marca de escrita e comédia que marcaria, então, a obra deste grande humorista americano, seja mesmo «O Inimigo Público». Nele encontramos várias piadas e personagens que parecem ser protótipos para a criação de outras tantas histórias que se seguiriam, numa filmografia que já ultrapassou as quatro dezenas de filmes.

«O Inimigo Público» é uma comédia filmada ao estilo de "mockumentary", ou falso documentário (estilo de humor que Woody Allen voltaria a utilizar noutros filmes como «Zelig», história de um homem que tinha uma característica especial - mudar constantemente de personalidade, sendo um filme que está mesmo muito próximo de ser um documentário no verdadeiro sentido do termo - e «Sweet And Lowdown - Através da Noite», sobre um músico ficcional, interpretado por Sean Penn que tinha como principal inspiração o artista real Django Reinhardt) que conta a história de Virgin Starkwell, um indivíduo que, apesar de não apresentar grandes sinais de ser neurótico (característica fundamental de muitas personagens da maioria dos filmes posteriores de Allen), não deixa de ser uma personagem com muita graça. Trata-se de um homem que pretende ser um grande bandido, mas as experiências que tem no mundo do banditismo correm sempre mal. E o "documentário" dá-nos a conhecer a infância de Starkwell, os seus familiares e todo o historial de roubos e patifarias que este tem no currículo.

«O Inimigo Público» permite-nos dar a entender, mais que tudo, o porquê de Starkwell ter seguido a via da ilegalidade para fazer a sua vida. Alguns dos seus "colegas" dão o seu testemunho para esta pseudo-homenagem ao "trabalho" do ladrãozeco caixa d'óculos (que se partem umas duas ou três vezes em todo o filme, se não estou em erro), assim como observamos alguns dos seus golpes ao pormenor e a sua vida privada também. Sempre em sarilhos, a vida de Virgin Starkwell é uma boa janela para satirizar a realidade e alguns detalhes bastante curiosos sobre a mesma no estilo único e inconfundível de Woody Allen (no estilo cinematográfico ainda em fase embrionária, à época de feitura de «O Inimigo Público»). Veja-se, por exemplo, a cena em que Starkwell tenta assaltar um banco e tudo corre mal por causa de um erro de ortografia na nota escrita dada ao caixa do estabelecimento com as instruções para dar o dinheirinho ao patifezinho pouco inteligente.

O filme foi relativamente bem recebido quando estreou em 1969, tendo sido incluído, muitos anos mais tarde, na lista das 100 melhores comédias americanas do American Film Institute. «O Inimigo Público» poderá ser um dos filmes mais esquecidos, na atualidade, em toda a vasta carreira de Woody Allen, mas trata-se de uma verdadeira preciosidade que vale a pena ser descoberta. Apesar de ser um exercício inicial e conter algumas falhas de realização e montagem, «O Inimigo Público» é uma comédia hilariante, muito inteligente e atualíssima, que prima pela astúcia do argumento e pelas situações que, por mais disparatadas que possam ser, não deixam de fazer sentido dentro do contexto do próprio filme. Penso que este seja um dos filmes mais arriscados de Woody Allen (são poucos os que começam uma carreira com filmes deste género) mas um dos mais divertidos, apesar de não ser dos melhores. Contudo, o seu visionamento é muito proveitoso e trata-se de uma grande experiência de comédia que poderá agradar tanto a fãs como a não-fãs do trabalho de Woody Allen, visto ser um filme diferente do "padrão" utilizado, principalmente, a partir da fita oscarizada «Annie Hall» (e que pôs Allen, definitivamente, no patamar dos realizadores de culto). «O Inimigo Público» é um filme hilariante que urge ser visto e relembrado dentro das mais de quarenta obras cinematográficas da filmografia de um dos mais notáveis e brilhantes humoristas do século XX.

Nota: * * * *
slrem12f
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Re: Qual foi o último filme que viram ?

Post by slrem12f »

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Babe de 1995 (http://www.imdb.com/title/tt0112431/)
Fábula animal para adultos. Inveja, Traição, crueldade, ciúme, violência, assassinato, tristeza, desilusão. Tudo isso e mais alguma coisa acontece num filme que conta a história de um porquinho ingénuo adoptado por um lavrador que vem a ser um porquinho pastor com sucesso
Aconselho vivamente, é uma lição de vida para os adultos.
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Re: Qual foi o último filme que viram ?

Post by Cabeças »

slrem12f wrote: Image

Babe de 1995 (http://www.imdb.com/title/tt0112431/)
Fábula animal para adultos. Inveja, Traição, crueldade, ciúme, violência, assassinato, tristeza, desilusão. Tudo isso e mais alguma coisa acontece num filme que conta a história de um porquinho ingénuo adoptado por um lavrador que vem a ser um porquinho pastor com sucesso
Aconselho vivamente, é uma lição de vida para os adultos.
Vê o segundo, também gostámos bastante! :-)

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slrem12f
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Re: Qual foi o último filme que viram ?

Post by slrem12f »

Cabeças,

Obrigado pela dica, hei-de ver se arranjo forma de ver o 2. Embora prefire normalmente o filme que sai primeiro às sequelas que são criadas posteriormente, vou ter em atenção o facto de vocês terem gostado. :badgrin:
rui sousa
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Re: Qual foi o último filme que viram ?

Post by rui sousa »

Também te aconselho a veres o segundo Babe, é um filme que foi muito subvalorizado pelo público mas muitos críticos adoraram.

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Anteontem tive uma das sessões mais emocionantes e perturbadoras de cinema que fiz em muito tempo.É raro encontrar um filme com particularidades que me fizeram estar num estado de espírito tão particular que considero impossível transpôr para a palavra escrita (mesmo para a falada, penso que teria grandes dificuldades em conseguir descrever o que sinto neste momento). Encontrei características tão únicas e especiais em «O Homem Elefante», um dos mais admirados trabalhos do realizador David Lynch (o nome diz tudo, não preciso de estar a fazer referências à sua carreira).

Não consigo considerar «O Homem Elefante» uma obra prima cinematográfica, nem penso mesmo que seja um filme assim tão bem executado para "merecer" uma nota máxima dada pela minha pessoa. Contudo, tornou-se mais um filme integrante da minha lista de preferidos de sempre (que já vai em 58 itens, por agora). O filme é imperfeito, mas é perfeito ao mesmo tempo. É difícil explicar, mas apesar de haver algumas partes de «O Homem Elefante» que não estejam feitas de uma maneira tão boa como outras, este foi um filme que me tocou muito e que me marcou muito. E foi de uma maneira tão extraordinária, tão única e tão forte, que fiquei com a impressão de que este vai ser um filme que vou rever muito mais vezes ao longo da minha vida. E daí, achei que era justo incluí-lo na minha lista. Também não tem mal nenhum, visto que tenho outros filmes "imperfeitos" no meu top de preferências (veja-se, por exemplo, «Kramer contra Kramer» e «Regresso ao Futuro»). E apesar das "imperfeições", «O Homem Elefante» tratou-se, a meu ver, de um filme de uma rara sensibilidade, muito diferente de outros trabalhos do realizador David Lynch (que, pelo que eu conheço, gosta mais de enveredar por caminhos mais surrealistas e não tão "certinhos" como os utilizados para este filme, nomeado para oito Oscares).

Falando de «O Homem Elefante» em si, pela sua história e pelas temáticas que aborda... penso que há muito material para ser explorado e o que eu possa escrever vai sempre parecer pouco. David Lynch e sua equipa partem de um caso verídico, contando a história de um indívíduo chamado John Merrick (no filme o nome próprio foi alterado, visto que Merrick, originalmente, se chamava Joseph. Não consegui perceber o porquê desta substituição, mas talvez assim fosse mais fácil para a personagem, no filme, entoar o seu nome, e também assim cria-se mais impacto no espetador - em mim, ao menos, foi o que aconteceu. É preciso ver o filme para compreender esta "sensação", mais não digo) que nasceu deformado, devido a um acidente que a sua Mãe teve durante o seu tempo de gestação. Merrick foi tratado sempre como uma aberração e como número de espetáculo circense, atraindo multidões de curiosos pelo mundo dos "freaks" pelo epíteto de Homem Elefante. Contudo, um proeminente cientista (interpretado de uma forma brilhante no filme por Anthony Hopkins) decide compreender mais em pormenor a vida e o pensamento de John Merrick. As investigações e pesquisas do cientista com o próprio Merrick dão uma nova vida a esta "cobaia", tornando-o um ser humano mais digno desse nome: sociável, falador e curioso pelo mundo cultural. Contudo, haverá certas pessoas, incluindo o antigo "proprietário" de Merrick (que o usava como artista de circo), que pretenderão usar as suas grandes deformações físicas para conseguirem proveito próprio. E assim, a vida de John Merrick não está definitivamente segura...

«O Homem Elefante» é um espantoso filme dramático, comovente e muito propício à queda de umas lágrimazinhas em certos momentos. A fita pode ser vista como uma metáfora para a atualidade, visto que aborda um tema que é comum a, praticamente, todas as épocas que o nosso planeta já viveu: a diferença, e o modo como a encaramos. John Merrick é visto por uns como um idiota conhecido apenas por ser uma das aberrações do circo; outros conseguem ter uma visão menos tapada e mais abrangente das coisas, conseguindo perceber que Merrick é, tal como qualquer um de nós, um ser humano, que deve ser respeitado e compreendido (citando a famosa frase da personagem: "I am not an animal! I am a human being! I...am... a... man!"). O filme acerta em cheio em três pontos: as interpretações (não esquecer a magistral performance de John Hurt como Merrick), a banda sonora composta de uma maneira perfeita para todo o ambiente e história do filme, e a história, escrita de uma forma bastante interessante inteligente, que nos comove, nos alerta para as injustiças do Mundo, e que nos incita também a marcar a diferença dos padrões que, parece, regulam a nossa sociedade. Filmado a preto e branco (para mim, foi uma escolha muito positiva e acertada por parte de David Lynch), «O Homem Elefante» reflete também a mentalidade de uma sociedade diferente da atual, mas apesar de ambas estarem separardas por quase dois séculos, ainda possuem (para o bem e para o mal) diversos pontos em comum.

Nota: * * * * 1/2
No Angel
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Re: Qual foi o último filme que viram ?

Post by No Angel »

O Homem Elefante e um filme tao bom, tao memoravel. Acho que foi o filme em que eu mais chorei :-(

Normalmente nao choro ao ver filmes, nao sei porque, mas nao costuma acontecer. Claro que me emociono e fico triste, mas nao costumo chorar a ver um filme. As vezes acontece e chorar depois de o ver :roll:

Com este, parti-me a chorar em pelo menos 2 ocasioes. Nao me lembro de isto me ter acontecido em nenhum outro filme, nao desta forma. Este filme pos-me num caco, e isso e uma prova do seu impacto como obra prima do cinema.

Como dizes, Rui, o David Lynch viria adoptar o surrealismo nos seus filmes seguintes, mas esta caracterista de nos emocionar e nos fazer sentir continua la. O Mulholland Drive, se for bem compreendido, e um filme muito triste e tragico. E ja nem falo no Fire Walk With Me...

Ainda assim, notei alguns toques de surrealismo/simbologia neste filme, como o inicio e o final do filme.
Salgueiro
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Re: Qual foi o último filme que viram ?

Post by Salgueiro »

Confessions of a Dog (Japão, 2006) - 9/10

Excelente filme japonês, com a duração de 3 horas e 15 minutos, sobre a corrupção na polícia japonesa e as ligações ilegais entre a polícia e a máfia. O filme é baseado em factos reais e é parecido com os filmes de Sidney Lumet, principalmente o "Prince of the City".
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